Aríon
Todos estávamos em grande afã lá no barco,
Alguns em cima esticando as velas,
Outros em baixo no puxa e empurra
Dos bancos de remador, com pesada carga,
A quilha firme no mar, singrando em silêncio,
O timoneiro jovial ao leme;
E eu, que achava estar tudo garantido,
Cantava para os marinheiros.
E de súbito,
Vento tumultuoso, um turbilhão:
O timoneiro e os marinheiros morreram.
Só eu, cantando ainda, lançado
À praia pela longa vaga marinha, prossigo
O meu canto, um mistério para o meu ser de poeta,
E são e salvo debaixo de uma falésia
Estendo as minhas roupas molhadas ao sol.
do russo de Alexandre Puchkin
Arion
We were all hard at it in the boat,
Some of us up tightening sail,
Some down at the heave and haul
Of the rowing benches, deeply cargoed,
Steady keeled, our passage silent,
The helmsman buoyant at the helm;
And I, who took it all for granted,
Sang to the sailors.
Then turbulent
Sudden wind, a maelstrom:
The helmsman and the sailors perished.
Only I, still singing, washed
Ashore by the long sea-swell, sing on,
A mystery to my poet self,
And safe and sound beneath a rock shelf
Have spread my wet clothes in the sun.
from the Russian of Alexader Puchkin
HEANEY, Seamus. "Arion" / "Aríon". In:_____. Electric light. Trad. de Rui Carvalho Homem. Vila Nova de Famalicão: Quasi, s.d.
Cicero,
ResponderExcluirgrato por postar esse belo poema de Seamus Heaney!
Abraçaço,
Adriano Nunes