Neblina
Neblina densa, às vezes,
(poder-se-ia quase
cortá-la em cubos como
se fosse gelo) sobe
da terra ou baixa abrupta
do céu, quando se desce
(quem do planalto rume
ao litoral) a Serra
do Mar, à noite, após
a chuva ou antes dela,
nem há como julgar
qual treva, seja a preta
ou seja a branca, é mais
cerrada, sobretudo
porque não se distinguem
(escura sinergia)
sequer uma da outra,
levando a questionar
no meio do caminho
se, posto que amanheça,
há de amanhã sair
o sol de sempre, ou mesmo
se à beira mar –quem sabe
dizê-lo- ainda há mar.
Nelson Ascher. “Neblina”. In:
Algo de sol. São Paulo: Editora 34, 1996.
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