27.6.16

Jaime Gil de Biedma: "Recuerda" / "Recorda": trad. de José Bento




Recorda

Formosa vida que passou e parece
não passar mais...
                           Desde agora, aprofundo
sonhos na memória: e estremece
a eternidade do tempo lá no fundo.
E de repente um remoinho cresce:
sorve-me, arrasta-me, até que me afundo
numa gruta aonde vai, precipitado,
para sempre, sumindo-se, o passado.




Recuerda

Hermosa vida que pasó y parece
ya no pasar...
                         Desde este instante, ahondo
sueños en la memoria: se estremece
la eternidad del tiempo allá en el fondo.
Y de repente un remolino crece
que me arrastra sorbido hacia un trasfondo
de sima, donde va, precipitado,
para siempre sumiéndose el pasado.




BIEDMA, Jaime Gil de. "Recuerda" / "Recorda". In:_____. Antologia poética. Tradução por José Bento. Lisboa: Cotovia, 2003.

Um comentário:

  1. Alhures

    A linha sorridente
    clama o ser ausente
    Não basta eu estar perto
    do mar, das ruas,
    seminuas luas
    do leme que singra o mar
    bravio
    Não vejo mais a silhueta
    Quem sabe à espreita
    Ignoro a fonte
    Ou se é possível mergulhar em cores
    Verdes, rosas, azuis,
    Quiçá, alhures!

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