Satélite
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.
Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
– Satélite.
BANDEIRA, Manuel. "Satélite". In:_____. "Estrela da Tarde". In:_____.
Poesia completa e prosa em um volume. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Para os que curtem Drummond e Bandeira, inaugurei um Blog pictorial, com imagens dos livros de minha coleção. Um guia bacana das características tipográficas e principais detalhes das primeiras edições destes dois poetas gigantes. http://colecaodrummondbandeira.blogspot.com.br
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