26.1.16

José Almino: "Não vem, não passa"




Não vem, não passa


Não passa.

Tão morna,
dissolve na boca
fica o travo,
fiapo no dente
onde a língua solta pega,
mas não liberta.

Como é mesmo o nome?
Da rua, do amigo, da mulher?
Que acidente me trouxe aqui
ao fim da idade que passa?

E o nome mesmo?

Perdido na dor lombar
na calçada estreita,
no suor que empapa a camisa.

O nome, qual é?

Ali sentados, estou a vê-los,
anchos da vida.

Qual é mesmo?

Não adianta.
Não vem, não passa.




ALMINO, José. "Não vem, não passa".

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