Viajor
caminho no torrão
onde a língua guardou
seus trapos; sua
vertigem de lírios
e sermões. Sigo
à deriva,
entre fogueiras e degelo,
neste voo escarrado de abismo
e santidade.
Sou o viajor que carrega
a seara mítica
e a liturgia do fogo.
Sonhei uma aldeia
de vinhas
(ou um barco
arrancado aos piratas?)
e tenho só este sol
que me queima a língua;
e tenho só esta sede inflamável
misturada ao sangue
dos bichos.
Estou contaminado de esquinas
e devires.
MARANHÃO, Salgado. "Viajor". In:_____. "Chão de mitos". In:_____.
Ópera de nãos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário