29.7.15

Guilherme de Almeida: "Mormaço"





Mormaço

Calor. E as ventarolas das palmeiras
e os leques das bananeiras
abanam devagar
inutilmente na luz perpendicular.
Todas as coisas são mais reais, são mais humanas:
não há borboletas azuis nem rolas líricas.
Apenas as taturanas
escorrem quase líquidas
na relva que estala como um esmalte.
E longe uma última romântica
-- uma araponga metálica -- bate
o bico de bronze na atmosfera timpânica.




ALMEIDA, Guilherme de. "Mormaço". In: BANDEIRA, Manuel (org.). Apresentação da poesia brasileira. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 

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