Conclusão
Os impactos de amor não são poesia
(tentaram ser: aspiração noturna).
A memória infantil e o outono pobre
vazam no verso de nossa urna diurna.
Que é poesia, o belo? Não é poesia,
e o que não é poesia não tem fala.
Nem o mistério em si nem velhos nomes
poesia são: coxa, fúria, cabala.
Então, desanimamos. Adeus, tudo!
A mala pronta, o corpo desprendido,
resta a alegria de estar só, e mudo.
De que se formam nossos poemas? Onde?
Que sonho envenenado lhes responde,
se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens?
ANDRADE, Carlos Drummond de. "Conclusão" In:_____. "Fazendeiro do ar". In:_____. Poesia 1930-62: de 'Alguma poesia' a 'Lição de coisas'. Edição crítica preparada por Júlio Castañon Guimarães. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
Muito bom. Surpreendente. Não me lembro de tê-lo lido e agora o leio inteiramente. Já devo tê-lo lido e não tinha me atentado dele.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirParabéns pelo blogue.
Sou seguidor!
Se puder, visite:
www.giovanipasini.com
Abraço
Cicero,
ResponderExcluirBelíssimo poema de Drummond! Grato por compartilhá-lo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Maravilhoso! viajei legal agora! Me falou muitas coisas!
ResponderExcluirEstou repostando uma postagem sua, prezado Antônio!
Se puder escute:
https://soundcloud.com/leo-victor-4/arte-poetica-antonio-brasileiro
abraço!