Elegia para a adolescência
E enfim descansaremos sob a verde
resistência dos campos escondidos.
Nem pensaremos mais no que há de ser de
nós que então seremos definidos.
No mar que nos chamou, no mar ausente,
simples e prolongado que supomos,
seremos atirados de repente,
puros e inúteis como sempre fomos.
Veremos que as vogais e as consoantes
não são mais que ornamentos coloridos,
fruto de nossas bocas inconstantes.
E em silêncio seremos transformados,
quando formos, serenos e perdidos,
além das coisas vãs precipitados.
PENA FILHO, Carlos. Livro geral. Edição de luxo. Organização e seleção de textos de Tania Carneiro Leão. Olinda: Prefeitura de Olinda, s.d.
Taí, Cícero, me lembrou o poema "Feicidade", do Vicente de Carvalho. Elegantíssimo! Abraços.
ResponderExcluirUm pleonasmo: belo soneto do Carlos Pena Filho, poeta da minha cidade, poeta do universo.
ResponderExcluirA título de indicação, transcrevo-lhe este outro soneto, publicado em 26/6/60, no Jornal do Comércio, cinco dias antes da morte precoce de Carlos Pena. Tão belo como todos os outros publicados neste blog essencial.
Abraços
Arsenio Meira Júnior
"SONETO OCO
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres."
PENA FILHO, Carlos. Livro geral. Edição de luxo. Organização e seleção de textos de Tania Carneiro Leão. Olinda: Prefeitura de Olinda, s.d.
Realmente belo, Arsenio!
ResponderExcluirGrato!
Cicero,
ResponderExcluirque belo poema! Obrigado por disponibilizá-lo aqui!
P.s: Arsênio,
que belo soneto! Grato por compartilhá-lo!