6.1.14
Antero de Quental: "Evolução"
Evolução
Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco pascigo...
Hoje sou homem – e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, na imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
QUENTAL, Antero de. Sonetos. Edição organizada por Antonio Sérgio. Lisboa: Sá da Costa, 1963.
Cicero,
ResponderExcluirQue poema belo! Salve!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Salve Adriano, tudo de bom !!
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