Tomamos a vila depois de um intenso bombardeamento
A criança loura
Jaz no meio da rua,
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe --
Dos que bóiam nas banheiras --
À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...
E o da criança loura?
PESSOA, Fernando. "Cancioneiro". In: _____.
Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
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