28.3.13

Gastão Cruz: 21: "Nas madrugdas de segunda-feira"






                       21

Nas madrugadas de segunda-feira
tinhas de regressar não sabíamos bem
a que fracção do tempo porque tudo
se sobrepunha
e éramos forçados a deter
o instante não por ser
belo, apenas por ser água
onde nunca ninguém duas vezes entraria




CRUZ, Gastão. Fogo. Porto: Assírio e Alvim, 2013.

11 comentários:

  1. Um belo livro de poemas, este FOGO, de Gastão Cruz.

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  2. Caro Domingos da Mota,

    que bom recebê-lo novamente por aqui!

    Abraço

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  3. Caro Antonio Cicero,

    Este seu blogue faz parte das minhas visitas e leituras frequentes, ainda que muito raramente deixe um comentário. No caso do FOGO, de Gastão Cruz, como foi o mais recente livro de poemas que comprei, e que li, resolvi deixar uma nota. Aliás, publiquei também um poema do livro no meu actual blogue, A Espessura do Tempo.
    Agradeço-lhe a amabilidade do comentário.
    Abraço

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  4. Que belo! Grata pela poesia desse dia! Bjins

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  5. Caro Domingos,

    saber que você nos visita é uma honra e uma alegria.

    Grande abraço

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  6. Cicero,


    que belo! Grato por compartilhar!


    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  7. O PIANISTA

    Senta-se imita
    o autor Os
    holofotes douram-no
    é a vítima
    dos expansivos círculos do som

    Em torno dele o som é como
    um laço
    Está sentado na margem do
    teclado detendo com os braços
    a força ameaçadora das águas

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  8. Desculpe Cicero, esqueci-me de colocar a bibliografia no meu último comentário. O poema, que obviamente não é meu, do livro: A moeda do tempo e outros poemas. organização: Jorge Fernandes da Silveira. autor: Gastão Cruz. editora: Língua Geral.

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  9. Cicero,

    agora um poema meu:

    ORNAMENTAL

    Altíssimo
    o homem de pedra
    não sofre

    Ele aguarda
    nada
    na altura da pedra

    Acaso cesse a espera
    e o homem volte
    dentro de holofotes e telas

    as asas sempre abertas
    alçam salto
    e descalçam em mergulho

    não na terra
    mas na água
    onde o homem afunda

    ele nada —
    Proteica
    pedra d'água.

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  10. Obrigado Cicero,

    fico muito feliz que tenha gostado! Há um outro poema que venho trabalhando em cima, mas não estou certo sobre ele... acho que não está pronto, ou se algum dia estará:

    O DESEMBARQUE É OBRIGATÓRIO

    Portas se abrem
    ao que escorre o homem só

    a se arrastar pela esteira rolante do túnel
    do tempo bem maior
    que o tempo trem Botafogo-Cantagalo

    Sobre ombro mochila carrega desaforo pra cova
    secretamente condenado a passar a noite em estado de dicionário
    acordará afogado em marcas
    d'água
    corpo desfeito em Lagoa Rodrigo de Freitas

    E n'alguma lápide
    a receita:

    Pedra apega
    água apaga
    no fim do túnel
    a luz
    se alaga.

    _________________

    Grande abraço

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