12.2.13

Mário Cesariny: "Poema"








Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco





CESARINY, Mário. Pena capital. Lisboa: Assírio & Alvim, 1957.

3 comentários:

  1. Madrugada

    caminho
    e nesse caminho
    sou pedra a saltar
    Vês, não é ali, a lua
    a nos olhar
    em qualquer tempo
    em qualquer lugar
    fez-se noite
    fez-se ocaso
    fez-se bela
    ao acaso
    entre murmúrios
    canções e lírios
    fez-se dia
    que partia
    só prá ver a madrugada
    fez-se noite, fez-se noite
    só prá ver a madrugada

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  2. Cicero,


    muito obrigado por compartilhar tão belo poema que eu desconhecia! Viva!



    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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