Antônio Cícero, o mundo não vale o mundo? O mundo não vale o mundo, meu bem. Eu plantei um pé-de-sono, brotaram vinte roseiras. Se me cortei nelas todas e se todas se tingiram de um vago sangue jorrado ao capricho dos espinhos, não foi culpa de ninguém. O mundo, meu bem, não vale a pena, e a face serena vale a face torturada. Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada?
- Carlos Drummond de Andrade, in Cantiga de Enganar, Claro Enigma, 1951 (Fotobiografia CDA, Edições Alumbramentos, 1998).
Antônio Cícero, o mundo não vale o mundo? O mundo não vale o mundo, meu bem.
ResponderExcluirEu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas se tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir, de quê? de mim? ou de nada?
- Carlos Drummond de Andrade, in Cantiga de Enganar, Claro Enigma, 1951 (Fotobiografia CDA, Edições Alumbramentos, 1998).
Cícero, que tal?
ResponderExcluirQUEM NASCEU PRIMEIRO?
O poeta põe poemas
brancos, rubros e dourados
logo abaixo de sua pena.
Todos tem o mesmo gosto
póstumo no que há de novo
nunca novo ovo ovo —
outros já os haviam posto.
O avião, grande ave vã,
nasce quando a força posta
por esta galinha grã
deixa um cheiro além de bosta.
A resposta do poeta
se esconde no pó que resta
a ciscar outro, amanhã.
- Erick Monteiro Moraes
Legal, Erick.
ResponderExcluirAbraço