21.10.12

Federico Garcia Lorca: "Gacela del amor desesperado" / "Gazel do amor desesperado: trad. William Agel de Melo






Gazela del amor desesperado

La noche no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
aunque un sol de alacranes me coma la sien.

Pero tú vendrás
con la lengua quemada por la lluvia de sal.

El día no quiere venir
para que tú no vengas
ni yo pueda ir.

Pero yo iré
entregando a los sapos mi mordido clavel.

Pero tú vendrás
por las turbias cloacas de la oscuridad.

Ni la noche ni el día quieren venir
para que por ti muera
y tú mueras por mí.





Gazel do amor desesperado

A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Ma eu irei,
inda que um sol de lacraias me coma a fronte.

Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.

O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridão.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.

3 comentários:

  1. Cicero,


    salve Lorca!


    Um poema para você:

    ‎"Segredos, silêncio, olvido..." - para Antonio Cicero


    Dista de mim quem me sou
    E finca-se quem me sinto
    Num insólito recinto
    De sombras e ecos. Sou

    Todo o mistério distinto
    Que ressoa sem fim ou
    Essa pessoa que ousou
    Ser o próprio labirinto

    Íntimo? Sequer o sonho,
    Segredos, silêncio, olvido...
    E ser mesmo indefinido.

    Isso? Aquilo? Que enfadonho
    Dar à existência o estampido
    Do ser de que só disponho!


    Abraço forte,
    Adriano Nunes.

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  2. Regaço

    Em teus olhos de sereia
    Perde-se meu ser e
    Na lua cheia
    Nasce meu coração
    Vislumbra o mar
    Que ora é teu altar
    E pela onda
    Branca espuma
    Relembra
    cada pedaço
    espalhado
    na bruma
    Desse regaço.

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  3. Adriano,

    obrigado. Sonoro e interessante soneto em redodilhas.

    Abraço

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