8.8.12

Antonio Cicero: "Na praia"




Eis um poema do meu novo livro, Porventura, que será lançado, no Rio de Janeiro, na próxima segunda-feira, dia 13, na Livraria da Travessa de Ipanema e, em São Paulo, na segunda-feira seguinte, dia 20, no Espaço Revista Cult, na Rua Inácio Pereira da Rocha, 400, Vila Madalena.


Na praia

Na praia –- parece que foi ontem --
ficávamos dentro d’água eu,
Roberto, Ibinho, Roberto Fontes
e Vinícius, a água era um céu,
e voávamos nas ondas trans-
parentes, deslizantes, do azul
mais profundo do fundo ciã
do oceano Atlântico do sul.
Mas era outro século: Roberto
morreu, morreu Vinícius, Roberto
Fontes quase nunca vejo, e Ibinho
casou e mudou. Já não procuro
o azul. Os mares em que mergulho
são os homéricos, cor de vinho.




CICERO, Antonio. Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.

8 comentários:

  1. Com certeza, Na praia, vai fazer parte da minha pequena biblioteca. Sinto falta de livros de poesia contemporânea aonde habitam pessoas. Não há gente na poesia contemporânea, só exercício de linguagem. Quando me deparo com Antonio Cicero, Ferreira Gullar e Rogério Skylab, sinto-me representado pela poesia atual.

    Um abraço, obrigado e parabéns!

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  2. Achei lindo o livro. Estarei segunda na Travessa para o autógrafo. "Tarde aprendi a gozar a juventude, e já me ronda a suspeita de que jamais serei plenamente adulto: antes de sê-lo, serei velho". As folhas estão preenchidas com uma sensibilidade que é pura leveza. Um forte abraço,

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  3. Belíssimo poema - esse 'navegar' no tempo 'líquido' do mar (homérico), ao qual somos 'devedores' (não sem uma dose de ironia).
    abraço,
    Afonso

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  4. Que poema lindíssimo Antonio Cícero,
    Que delícia ler um poema novo e seu.
    Thanks a lot.abr.Vinicius Oliveira.

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  5. Fundo 'ciã', ninguém pergunta?
    Só eu é que não sei (que lapso não deve ser)?...

    A.M.

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  6. Pensei imediatamente, quando vi o título do poema, no romance de Ian McEwan, justamente "Na praia". O romance fala dos anos dourados - ou não - de 1960, numa Inglaterra extremamente pudica. Não sei, Cícero, se vc leu o livro, se o poema nasceu, além de sua experiência com esses amigos e seu mar, da leitura do romance de McEwan tb... Mas não importa muito. Importa que é mais um poema seu extremamente bem escrito, com uma elocução muito elegante, profundo mas sem abrir mão da linguagem clara, imediata, precisa, que atinge de pronto qualquer leitor. Eu não sabia da existência desse livro. Comprarei assim que chegar por aqui, na Bahia de Jorge Amado em seus cem anos de idade...
    Grande abraço do leitor admirado, sempre.

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  7. "Ciã é azul profundíssimo." E agora que sei, gostei ainda mais do poema. Assim que puder, comprarei o livro. Grande abraço.

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