22.3.12

Antoine Emaz: trecho de "Boue" XI / "Lama" XI: tradução de Júlio Castañon Guimarães




acaba que cada um
ao menor problema
se muda de si mesmo
para um pouco mais longe
todos os dias
para um pouco mais longe

no máximo a gente se acompanha
forçando o sorriso



reste que chacun
au moindre mal
transbahute de soi
un peu plus loin
tous les jours
un peu plus loin

au mieux on s'accompagne
en forçant le sourire



EMAZ, Antoine. "Boue/Lama" XI. In: Lama, pele. Tradução e posfácio de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2012.

8 comentários:

  1. Caro AntÔnio Cícero, segue outro poema que traduzi do poeta espanhol Luis Garcia Montero.
    Com um abraço,


    Irene


    ¿ Conoces ya la tinta meditativa
    de la primera luz?
    Mira el esfuerzo
    que en la copa más alta del bosque más oscuro
    raya un momento, avisa y mientras cae
    forma la claridad.
    Así comienza el dia.
    Así también, contigo,
    cobran todas las cosas
    um impreciso afán por empezar de nuevo,
    por ser tu compañia
    quando el tiempo aparezca.

    Y no es el mecanismo
    oxidado de um tren lo que se mueve,
    ni las maderas de la barca
    están secas aún. No en todas las historias
    el tiempo necesita la nostalgia.

    Pero tiene la luz recuerdos que son nuestros.
    Van a bajar los dioses de sus libros,
    Alguien descubrirá que el mundo es navegable,
    habrá dias y noches, y em la luna
    de lo ya sucedido
    respirará la fábula blanca del calendario.

    ¿ Qué haremos de nosotros
    ahora que los espejos todavia
    no tienen una sombra que llevarse a sus láminas
    a contar hasta diez?
    ¿ Qué podemos hacer con lo que nos han dado?

    Como una insinuación, como la piedra
    interroga al estanque,
    cae la luz en el sueño de la casa.
    y la distancia,
    esa divinidad que medita en el agua
    de los puertos,
    vuelve al pasado, busca entre sus mitos
    un Angel sin heridas,
    una nueva metáfora,
    algo que no es tu nombre,
    pero que yo pronuncio desde el fondo
    abierto de tus ojos.



    Irene


    Conheces a tinta meditativa
    da primeira luz?
    Vê o esforço
    com que uma breve linha,
    na copa mais alta do bosque mais escuro,
    nos alerta à medida que cai
    uma claridade.
    Assim começa o dia.
    Assim também, contigo,
    cobram todas as coisas
    um vago desejo de começar de novo,
    para ser tua companhia
    quando o tempo aparecer.

    Não é o mecanismo
    de um trem enferrujado que se move,
    nem as madeiras da barca,
    ainda secas. Não são em todas as histórias
    que o tempo prescinde da nostalgia.

    Mas a luz tem recordações que são nossas.
    Baixarão os deuses de seus livros,
    Alguém descobrirá que o mundo é navegável,
    haverá dias e noites, e na lua
    do passado
    respirará a fábula branca do calendário.

    O que faremos
    agora que os espelho
    não tem uma sombra que levar a suas folhas
    a contar até dez?
    O que podemos fazer com o que herdamos?

    Como uma insinuação, como a pedra
    interroga a lagoa,
    cai a luz sobre o sonho da casa,
    e a distância,
    essa divindade que medita na água
    dos portos,
    retorna ao passado, para buscar entre seus mitos
    um Anjo sem feridas,
    uma nova metáfora,
    algo que não é teu nome,
    mas que eu pronuncio bem do fundo
    aberto de teus olhos.


    Montero L. G. Antologia poética; – Madrid: Castália Editorial, primeira impressão, 2002.

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  2. Caro AntÔnio Cícero, segue outro poema que traduzi do poeta espanhol Luis Garcia Montero.
    Com um abraço,


    Irene


    ¿ Conoces ya la tinta meditativa
    de la primera luz?
    Mira el esfuerzo
    que en la copa más alta del bosque más oscuro
    raya un momento, avisa y mientras cae
    forma la claridad.
    Así comienza el dia.
    Así también, contigo,
    cobran todas las cosas
    um impreciso afán por empezar de nuevo,
    por ser tu compañia
    quando el tiempo aparezca.

    Y no es el mecanismo
    oxidado de um tren lo que se mueve,
    ni las maderas de la barca
    están secas aún. No en todas las historias
    el tiempo necesita la nostalgia.

    Pero tiene la luz recuerdos que son nuestros.
    Van a bajar los dioses de sus libros,
    Alguien descubrirá que el mundo es navegable,
    habrá dias y noches, y em la luna
    de lo ya sucedido
    respirará la fábula blanca del calendario.

    ¿ Qué haremos de nosotros
    ahora que los espejos todavia
    no tienen una sombra que llevarse a sus láminas
    a contar hasta diez?
    ¿ Qué podemos hacer con lo que nos han dado?

    Como una insinuación, como la piedra
    interroga al estanque,
    cae la luz en el sueño de la casa.
    y la distancia,
    esa divinidad que medita en el agua
    de los puertos,
    vuelve al pasado, busca entre sus mitos
    un Angel sin heridas,
    una nueva metáfora,
    algo que no es tu nombre,
    pero que yo pronuncio desde el fondo
    abierto de tus ojos.



    Irene


    Conheces a tinta meditativa
    da primeira luz?
    Vê o esforço
    com que uma breve linha,
    na copa mais alta do bosque mais escuro,
    nos alerta à medida que cai
    uma claridade.
    Assim começa o dia.
    Assim também, contigo,
    cobram todas as coisas
    um vago desejo de começar de novo,
    para ser tua companhia
    quando o tempo aparecer.

    Não é o mecanismo
    de um trem enferrujado que se move,
    nem as madeiras da barca,
    ainda secas. Não são em todas as histórias
    que o tempo prescinde da nostalgia.

    Mas a luz tem recordações que são nossas.
    Baixarão os deuses de seus livros,
    Alguém descobrirá que o mundo é navegável,
    haverá dias e noites, e na lua
    do passado
    respirará a fábula branca do calendário.

    O que faremos
    agora que os espelho
    não tem uma sombra que levar a suas folhas
    a contar até dez?
    O que podemos fazer com o que herdamos?

    Como uma insinuação, como a pedra
    interroga a lagoa,
    cai a luz sobre o sonho da casa,
    e a distância,
    essa divindade que medita na água
    dos portos,
    retorna ao passado, para buscar entre seus mitos
    um Anjo sem feridas,
    uma nova metáfora,
    algo que não é teu nome,
    mas que eu pronuncio bem do fundo
    aberto de teus olhos.


    Montero L. G. Antologia poética; – Madrid: Castália Editorial, primeira impressão, 2002.

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  3. Eu - admirador dos filmes de Hitchcock, das pinturas de Monet, das obras de Victor Hugo e da música dos Beach Boys, Bach e Noel Rosa... enfim, da cultura de uma forma geral -, me sinto, no mínimo, muito orgulhoso de ter como bisavô o grande dr. Edison da Paz Cunha e, por que não, de ter como primos de 3a grau você, Antonio, e a apaixonante e intensa Marina Lima.

    Vocês me inspiram a seguir em frente.

    Um forte abraço do primo de 19 anos que mora no Ceará.

    Caio

    ResponderExcluir
  4. Eu - admirador dos filmes de Hitchcock, das pinturas de Monet, das obras de Victor Hugo e da música dos Beach Boys, Bach e Noel Rosa... enfim, da cultura de uma forma geral -, me sinto, no mínimo, muito orgulhoso de ter como bisavô o grande dr. Edison da Paz Cunha e, por que não, de ter como primos de 3a grau você, Antonio, e a apaixonante e intensa Marina Lima.

    Vocês me inspiram a seguir em frente.

    Um forte abraço do primo de 19 anos que mora no Ceará.

    Caio

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  5. Caio,

    muito obrigado! Que bom receber uma mensagem sua!

    Também admiro os artistas que você citou.

    E tanto eu quanto você podemos nos orgulhar de termos também como antepassado o genial pensador, que lutou pelo abolicionismo e contra o obscurantismo, Higino Cunha: seu trisavô e meu bisavô.

    Envio um grande abraço para o Epifânio e outro para você.

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  6. Oi, Antônio. Lindo poema. Bela tradução. Tomei a liberdade de postar como "um comentário", um texto que escrevi ontem e que, acho que... nada. Identificação, apenas. Sobre problemas, também.

    SOBRE PROBLEMAS TAMBÉM

    Parece que as pessoas estão mudando. E eu também quero mudar. Mas ainda são sete horas. Minhas roupas envelhecem, precisam ser substituídas. Por outras que também envelhecerão, mas eu não quero ficar reclamando. Acho que a vida não deveria ser assim, mas é. A minha é. E a de um monte de gente também deve ser. Mas isso não me conforta. Aliás, nada me conforta. No máximo, me distrai. Cubro meus problemas com esmalte. Depois descasca. Escondo meus medos com holofotes acesos de estádio, escolho a dor. Problemas ignorados retornam afiados e te machucam. São facas disfarçadas de colheres. Durmo por causa deles. Mas eles deveriam me acordar. Acompanho o soldado inimigo em fuga. E compartilho com as mulheres da sua vida a esperança do seu retorno. Sua ausência parece ser ameaçadora. E deveria ser apenas calendário e relógio. Não sei o que estou procurando na tevê. Não aceito a tragédia das fotos 3x4. Vejo que há uma diferença desconcertante entre o amor realmente percebido e o vividamente imaginado. Assim como uma pessoa por dentro e uma pessoa por fora. Ambas, ideias presentes na mente de Deus. Ambas a mesma pessoa. Cor de pele por fora, cor de chiclete por dentro. E o amor. Compartilhado até mesmo entre os egoístas. Discutido entre os calados. Sinto a sua presença através de imagens simbólicas, mas não o entendo. O amor. Que não pode ser penhorado. Mas que às vezes sinto recebê-lo a granel. Incidental e frequentemente. Como a repulsa e o preconceito. Coisas a serem desafiadas. Algo como o sorriso perdido de alguém que não encontra aquela única e última peça do quebra-cabeças e não consegue nunca ver a imagem completa. Falta apenas um tijolo do castelo. Ou um pedaço da orelha do Mickey. E mesmo assim, está feliz. Pois percebe que já não tem mais medo de barata. Nem de altura. Lugares fechados, solidão, intimidade. Resta apenas medo de si mesmo. Mas este é um medo com o qual a gente tem que conviver. Uma constante repetição de uma mesma experiência, seu mantra poderia ser “foda-se". Mas é simplesmente “não acredito”.

    VICTOR CARBONE

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  7. pra longe de si mesmo a cada dia...dura realidade ou não

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