23.6.11
Octávio Mora: "Ulisses"
Ulisses
Porque volvió sin regresar Ulises
M. A. Asturias
Ulisses em Ítaca, vivo ausente
Talvez seja resíduo da viagem,
mas é tão pouco minha esta paisagem
que só posso estar longe desta gente:
Se foi minha, cortaram-na tão rente
que a memória mudou toda a folhagem –
falávamos idêntica linguagem –
Falo agora linguagem diferente:
Vivo em Ítaca ausente: minha fronte
alargou-se, meus olhos são maiores,
e na memória trago outros países:
Contudo, já foi meu este horizonte,
já fui jovem aqui : olho arredores,
E vejo Ítaca ao longe, sem raízes.
MORA, Octávio. Ausência viva. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1956.
Cicero,
ResponderExcluirQue poema belo belo! Estou encantado. Não conhecia o autor e este soneto já está entre os meus preferidos! Grato por mais esta pérola!
Abração,
Adriano NUnes
Cicero,
ResponderExcluirdescobri que Octávio Mora foi formado em Medicina e que exerceu durante anos tal profissão. Além disso, foi professor titular de Literatura na UFRJ. Fiquei feliz! Vivaaaa!!!!
Adriano Nunes.
Excelente, Cícero, ótima lembrança a deste poeta. Mora tem sonetos de retomada dos gregos nesse livro magníficos. Não lembrava, vou relê-lo.
ResponderExcluirGande abraço do
Roberto Bozzetti
Belíssimo poema. Parece-me que nele o poeta empreende um itinerário não usual, reverso da utopia, dos mitos. Sem raízes, a eterna condição da insatisfação, da busca de outros imaginários países.
ResponderExcluirForte abraço, Cícero.
Deste lado do atlântico, OM não é muito conhecido e é pena; este poema, que lembra Cavafy em Ítaca, é uma bela forma de o conhecer. Agradeço a riqueza da página, que me permite acompanhar a erudição do autor e a riqueza da literatura do Brasil.
ResponderExcluirPara retribuir, deixo uma ligação para uma página de poesia, entre Atenas e Jerusalém (as antigas:
http://poesiaemouviescrito.blogspot.com