Neste soneto
Neste soneto, meu amor, eu digo,
Um pouco à moda de Tomás Gonzaga,
Que muita coisa bela o verso indaga
Mas poucos belos versos eu consigo.
Igual à fonte escassa no deserto,
Minha emoção é muita, a forma é pouca.
Se o verso errado sempre vem-me à boca,
Só no meu peito vive o verso certo.
Ouço uma voz soprar à frase dura
Umas palavras brandas, entretanto,
Não sei caber as falas de meu canto
Dentro de forma fácil e segura.
E louvo aqui aqueles grandes mestres
Das emoções do céu e das terrestres.
CAMPOS, Paulo Mendes.
A palavra escrita. Rio de Janeiro: Hipocampo, 1951.
Que bom o Paulo Mendes Campos aqui! penso ser um poeta que alia peso cultural e leveza como poucos em alguns poemas, como, aliás, também seria o caso de Vinícius.
ResponderExcluirFico lendo esse soneto e pensando: "um pouco à moda de Gonzaga" e um pouco à moda do soneto de tipo inglês, com um dístico fechando, não lhe parece?
Um abraço, Cícero
Cicero,
ResponderExcluirMaravilhoso!
Abração,
Adriano Nunes.
Obrigada, Antonio Cícero, pela beleza do soneto.
ResponderExcluirTem razão, Roberto.
ResponderExcluirAbraço
Foi a partir de Paulo Mendes Campos que eu me interessei por literatura.
ResponderExcluirAinda tenho (sem capa e contracapa, mas com todas as páginas) o "Colunista do Morro", numa edição de 1965, comprada no Rio.
Foi através daquela crônica - "A marquesa saiu às cinco horas" - que eu tive a minha primeira noção de estilo.
Abraço,
JR.
Oh, esperança
ResponderExcluirânsia que invade
a flanar pelas nuvens
Vês essa dança
Ela flutua
Bem próxima da lua
E sua ternura
Sem nenhum traço de amargura
Resplandece
Oh, criança
infância sem maldade
a brincar com nuvens
Cabelos em trança
Bem vês, sou tua
Mas a distância é agrura,
......................................,
da fonte mais pura,
Rejuvenesce.
É incrível a expressiva movimentação interior que sentimos ao ler o obra de Paulo Mendes Campos e de João Cabral de Melo Neto.
ResponderExcluirAcompanho seu blog desde o ano passado, Antonio, e foi como descobrir o infinito da poesia dado o acervo e a maravilha de tudo que é publicado aqui. Muito obrigada por compartilhar seu mundo com todos nós.
Bom, queria perguntar uma coisa para você: Sabe como poderia conseguir algum contato com o Chacal? Cheguei recentemente aqui no Rio, e vi ele na Gávea, mas foi algo muito corriqueiro. Então não consegui parar para conhecê-lo, conversar etc. Se você me pudesse me informar algo, ficaria muito agradecida.
Um beijo,
Lilia Katherine.
Lindo.
ResponderExcluirObrigado, Lilia.
ResponderExcluirSei que no dia 24 (próxima segunda) à noite, por volta das 21 h, o Chacal estará no SESC Copacabana, onde vamos dizer poemas.
Beijo
Gosto muito desse soneto. Paulo Mendes Campos é de uma família de poetas que tem o que dizer e gosta de fazê-lo de modo muito claro. Seus sonetos têm versos saboroso, fluentes, "fáceis". Não há versos engessados e pretensiosamente herméticos.PMC gosta de se comunicar com o leitor. Mas sem jamais subestimá-lo. Fiquei surpreso em encontrar poeta de lirismo tão cristalino em seu sítio, Cícero. Achei que vc pudesse achar simplória a obra de `do poeta mineiro. SE já o admirava, admiro-o ainda mais por ter postado esse poema.
ResponderExcluirAbraço.
Gosto muito desse soneto. Paulo Mendes Campos é de uma família de poetas que tem o que dizer e gosta de fazê-lo de modo muito claro. Seus sonetos têm versos saboroso, fluentes, "fáceis". Não há versos engessados e pretensiosamente herméticos.PMC gosta de se comunicar com o leitor. Mas sem jamais subestimá-lo. Fiquei surpreso em encontrar poeta de lirismo tão cristalino em seu sítio, Cícero. Achei que vc pudesse achar simplória a obra de `do poeta mineiro. SE já o admirava, admiro-o ainda mais por ter postado esse poema.
ResponderExcluirAbraço.
Tenho feito uma cuidadosa garimpagem por poemas, pois percebi que os poetas têm o dom de nos dizer muito e sobre o mundo,através de palavras muito bem elaboradas e analisadas.Todo poeta tem o poder, o poder de saber fazer uso das palavras, fazem magia que nos contagiam....
ResponderExcluirGostei muitíssimo de seu espaço!
Um grande abraço!
Meu comentário,talvez apareça como anônimo,por isso voltei.
ResponderExcluirSou do
www.nacodeprosa.blogspot.com
Marli Boldori
https://revista.institutoiesa.com/2020/11/02/a-modernidade-e-a-intertextualidade-nos-poemas-de-paulo-mendes-campos/
ResponderExcluir