4.10.10

Marcelo Diniz: "Tudo se faz de forma assim tão vária"




Tudo se faz de forma assim tão vária


Tudo se faz de forma assim tão vária
a nunca ser o mesmo que se escreve;
escreve-se porque falar é breve
e, eterna, a lavra quer-se abecedária;

tudo se faz, portanto, involuntária
e cautelosamente, como deve
quem deseja dotar o que é mais leve
de concisão sutil tão necessária;

por que se passe a limpo o repetido
para gravar o travo do que é dito
fixo na cifra e nítido no lido;

faz-se todo, finito após finito
a fim de, a cada surto do sortido,
somar-se ao infinito um outro escrito.

12 comentários:

  1. PQP, lindíssimo!
    marcelo e o soneto foram feitos um para o outro, é caso sério...

    cícero, você não poderia ter escolhido complemento poético mais perfeito ao seu belo texto.

    abraço aos dois.

    ResponderExcluir
  2. Belíssimo poema! Genial. Marcelo Diniz é um ótimo poeta e professor (leciona no Colégio Pedro II, ou estou me confundindo?)
    Voltarei aqui para encontrar a resposta para essa dúvida minha.
    Obrigada. E parabéns pela escolha do poema!

    ResponderExcluir
  3. Cicero,


    belo poema do Marcelo! Bravo!


    Abraço fraterno,
    A. Nunes.

    ResponderExcluir
  4. precisa-se


    o que me traz aqui pra tc
    não tem fim

    ontem votei no vazio

    não deu pra ver se era
    sangue ou rosa ou
    brio

    a fala manjada regou o manjar dos deuses

    mas o texto ficou ralo
    e para o ralo seguiu

    sombrio

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Que alegria encontrar este soneto do Marcelo aqui! O trançado do som e do sentido, da forma e do conteúdo chegou no ponto da vertigem. Abraço!

    ResponderExcluir
  7. Grato e surpreso de estar aqui.
    Sim, Bárbara, eu estou no Pedro II e, salvo engano, você assistiu à aula minha sobre poesia visual...

    Grato a todos pelos comentários.

    Marcelo Diniz

    ResponderExcluir
  8. Cícero,
    Tenho lido na internet alguns sonetos do Marcelo Diniz, e o que mais aprecio é que eles (assim como os do Carlos Pena Filho) fluem muito naturalmente, parecendo que nem estão na forma soneto.
    Abraço,
    JR

    ResponderExcluir
  9. Fique o registro: eu que há tanto tempo acompanho o passar a limpo do Marcelo Diniz em seus sonetos sei que quando finalmente se resolver a publicá-los em livro teremos oportunidade de ler um dos melhores livros de poesia já editados no Brasil. E mais: o Girauta sintetizou com perfeição: o Marcelo e o soneto foram feitos um para o outro. Assino

    ResponderExcluir
  10. Lindo Poema. Mágico lê-lo depois do texto. parabéns a ambos, marcelo e antônio

    ResponderExcluir
  11. observador,

    um momento especial,
    texto e soneto casaram-se!

    professor marcelo,

    parabéns!

    abraços, aos dois.

    ResponderExcluir