Anoitecer em outubro
A noite cai, chove manso lá fora
    meu gato dorme
            enrodilhado
                      na cadeira
Num dia qualquer
            não existirá mais
            nenhum de nós dois
para ouvir
            nesta sala
a chuva que eventualmente caia
            sobre as calçadas da rua Duvivier
FERREIRA GULLAR. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.
Fiquei com esses versos na cabeça.
ResponderExcluirOh, sol
ResponderExcluirQue ora me ilumina
Cobrindo as coisas
De ouro e luz
Faz de ti o meu caminho
E me conduz
Para longe dessa escória
Para o amor
Minha única glória.
em lisboa teremos que esperar, precisamente, por outubro..
ResponderExcluirOff price
Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de esquema
meu poema
inesperado
e que eu possa
cada vez mais desaprender
de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado
Ferreira Gullar, Em alguma parte alguma
.. e chegará como o verão de são martinho.
beijo!
F.
Caro António Cícero,
ResponderExcluirSegundo li hoje, este novo livro de Ferreira Gullar vai aparecer nas livrarias, aqui em Portugal, no próximo mês. Como vou lendo paulatinamente a sua Obra Poética, aguardo o seu novo livro.
(Como nota de rodapé: publiquei no blogue http://domingosdamota.blogspot.com/o poema SOPA DE PEDRA, em homenagem a Ferreira Gullar, a partir da leitura do seu NÃO HÁ VAGAS).
Cícero,
ResponderExcluirJá há alguns meses venho lendo o "Toda Poesia" do Ferreira Gullar, e me parece que a cada releitura um poema novo brota, e o significado de outro se amplia.
Creio que em todos os livros ali reunidos tem poemas, como o que você postou, onde ele congela um instante e o transforma em poesia.
Abraço,
JR.
Cícero,
ResponderExcluirVocê poderia postar algum comentário sobre o ato que o PT está convocando para amanhã, em protesto contra o que ele chama de golpismo da mídia ?
Abraço,
JR.
joão renato,
ResponderExcluiro pt tá exagerando. a mídia não tem esse poder todo, a ponto de conseguir dar um golpe. na verdade, a imprensa atual mal consegue uma interlocução com seus leitores/ouvintes.
de fato, essa produção de escândalos é feia, e a atitude/resposta de lula, de salientar a importância de (por exemplo) extirpar o dem, também o é.
mas deixem todos se manifestarem, criticarem, como a turma do "se liga brasil", que hoje em são paulo disse que lula é quem tenta um golpe contra a imprensa.
eu acho que a imprensa vem abusando do seu poder, mas acho também que a própria sociedade é quem faz o seu controle (deixando, como vem fazendo, ela [a imprensa] falar sozinha, a ponto das pesquisas eleitorais não se alterarem) - não precisa do estado entrar nisso; a menos que seja instado, via poder judiciário.
democracia é isso, é receber crítica o tempo todo mesmo. e me parece que ambos os lados (imprensa e governo), em certa medida, às vezes (quase sempre?) disso se esquecem...
abrç.
esses versos me lembraram Pessoa:
ResponderExcluir"Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra."
(Fernando Pessoa [Álvaro de Campos], Tabacaria, trecho)
Cicero,
ResponderExcluirGullar espetacular! Salve!
Abraço,
Adriano Nunes.
João Renato,
ResponderExcluirando tão ocupado que confesso que nem soube desse "ato". Se for verdade, acho simplesmente ridículo. É só.
Que belo poema, que genial...vai-se o poeta, mas sempre permanece sua Poesia!
ResponderExcluirUm beijo
copacabana...senti o cheiro daqui....
ResponderExcluirCICERO,
ResponderExcluira bienal de arte assinala para ARTE E POLITICA ou...arte paratodos...uma imaginária re-tomada! sobre o "realismo socialista" em arte...
como pensar a Poesia e arte na sociedade do estilhaçamento artístico e da nossa contemporaneidade...?
bienal de arte tambem...estaria..."atrasada"...?
obrigado e parabens pela...Poética...!
a chuva cai
ResponderExcluiranoitece
e quem não se vai?
Tão bonito!
Impressiona.
Um abraço.
Jefferson.
Cícero, o título desse post tá com um errinho, Ferriera ao invés de Ferreira, né?
ResponderExcluirbeijo!
o gullar é bom e não tem jeito mesmo!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado por me alertar, Alcione. Já corrigi.
ResponderExcluirBeijo
Obrigado por me alertar, Alcione. Já corrigi.
ResponderExcluirBeijo
A chuva continuará a cair... É um fato. Lindo poema.
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