21.9.10

Ferreira Gullar: "Anoitecer em outubro"

Anoitecer em outubro


A noite cai, chove manso lá fora
    meu gato dorme
            enrodilhado
                      na cadeira

Num dia qualquer
            não existirá mais
            nenhum de nós dois
para ouvir
            nesta sala
a chuva que eventualmente caia
            sobre as calçadas da rua Duvivier



FERREIRA GULLAR. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

20 comentários:

  1. Oh, sol
    Que ora me ilumina
    Cobrindo as coisas
    De ouro e luz
    Faz de ti o meu caminho
    E me conduz
    Para longe dessa escória
    Para o amor
    Minha única glória.

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  2. em lisboa teremos que esperar, precisamente, por outubro..

    Off price

    Que a sorte me livre do mercado
    e que me deixe
    continuar fazendo (sem o saber)
    fora de esquema
    meu poema
    inesperado
    e que eu possa
    cada vez mais desaprender
    de pensar o pensado
    e assim poder
    reinventar o certo pelo errado

    Ferreira Gullar, Em alguma parte alguma

    .. e chegará como o verão de são martinho.

    beijo!
    F.

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  3. Caro António Cícero,

    Segundo li hoje, este novo livro de Ferreira Gullar vai aparecer nas livrarias, aqui em Portugal, no próximo mês. Como vou lendo paulatinamente a sua Obra Poética, aguardo o seu novo livro.
    (Como nota de rodapé: publiquei no blogue http://domingosdamota.blogspot.com/o poema SOPA DE PEDRA, em homenagem a Ferreira Gullar, a partir da leitura do seu NÃO HÁ VAGAS).

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  4. Cícero,
    Já há alguns meses venho lendo o "Toda Poesia" do Ferreira Gullar, e me parece que a cada releitura um poema novo brota, e o significado de outro se amplia.
    Creio que em todos os livros ali reunidos tem poemas, como o que você postou, onde ele congela um instante e o transforma em poesia.
    Abraço,
    JR.

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  5. Cícero,
    Você poderia postar algum comentário sobre o ato que o PT está convocando para amanhã, em protesto contra o que ele chama de golpismo da mídia ?
    Abraço,
    JR.

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  6. joão renato,

    o pt tá exagerando. a mídia não tem esse poder todo, a ponto de conseguir dar um golpe. na verdade, a imprensa atual mal consegue uma interlocução com seus leitores/ouvintes.
    de fato, essa produção de escândalos é feia, e a atitude/resposta de lula, de salientar a importância de (por exemplo) extirpar o dem, também o é.
    mas deixem todos se manifestarem, criticarem, como a turma do "se liga brasil", que hoje em são paulo disse que lula é quem tenta um golpe contra a imprensa.
    eu acho que a imprensa vem abusando do seu poder, mas acho também que a própria sociedade é quem faz o seu controle (deixando, como vem fazendo, ela [a imprensa] falar sozinha, a ponto das pesquisas eleitorais não se alterarem) - não precisa do estado entrar nisso; a menos que seja instado, via poder judiciário.
    democracia é isso, é receber crítica o tempo todo mesmo. e me parece que ambos os lados (imprensa e governo), em certa medida, às vezes (quase sempre?) disso se esquecem...
    abrç.

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  7. esses versos me lembraram Pessoa:

    "Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
    Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra."

    (Fernando Pessoa [Álvaro de Campos], Tabacaria, trecho)

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  8. Cicero,


    Gullar espetacular! Salve!



    Abraço,
    Adriano Nunes.

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  9. João Renato,

    ando tão ocupado que confesso que nem soube desse "ato". Se for verdade, acho simplesmente ridículo. É só.

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  10. Que belo poema, que genial...vai-se o poeta, mas sempre permanece sua Poesia!

    Um beijo

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  11. copacabana...senti o cheiro daqui....

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  12. CICERO,
    a bienal de arte assinala para ARTE E POLITICA ou...arte paratodos...uma imaginária re-tomada! sobre o "realismo socialista" em arte...
    como pensar a Poesia e arte na sociedade do estilhaçamento artístico e da nossa contemporaneidade...?
    bienal de arte tambem...estaria..."atrasada"...?
    obrigado e parabens pela...Poética...!

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  13. a chuva cai
    anoitece
    e quem não se vai?
    Tão bonito!
    Impressiona.
    Um abraço.
    Jefferson.

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  14. Cícero, o título desse post tá com um errinho, Ferriera ao invés de Ferreira, né?
    beijo!

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Obrigado por me alertar, Alcione. Já corrigi.

    Beijo

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  17. Obrigado por me alertar, Alcione. Já corrigi.

    Beijo

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  18. A chuva continuará a cair... É um fato. Lindo poema.

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