3.6.10

H. Dobal: "Azul"




Azul

O vento no canavial
as moças com seus vestidos de verão,
e a nuvem – grandes cúmulos
na pura duração do azul.
O poeta Keats sabia que um coisa bonita
é uma alegria para sempre.
A vida é uma sucessão de imagens
a alegria de belas imagens
guardadas na memória:
– o vento no canavial,
as moças com seus vestidos de verão,
e as nuvens - grandes cúmulos brancos
na pura duração do azul.




DOBAL, H."Novos poemas". Poesia reunida. Edição comemorativa dos 80 anos do poeta. Teresna PI: Plug Propaganda e Marketing Ltda., 2007.

16 comentários:

  1. Amado Cicero,


    Belo poema! Quero deixar explícito aqui que o vencedor do Prêmio Camões 2010 foi Ferreira Gullar! Salve o grande poeta!


    Grande abraço,
    Adriano Nunes.


    Um poema meu:

    "Adorno"


    adoradoradoradoradoradoradorador
    adoradoradoradoradoradoradora
    adoradoradoradoradoradora
    adoradoradoradoradora
    adoradoradoradora
    adoradoradora
    adoradora
    a d o r a

    a
    d o r
    a
    d o r
    a
    m e

    a
    d o r
    a
    d o r
    n a
    m e



    Forte abraço,
    Adriano Nunes.

    ResponderExcluir
  2. Azul da alegria do que na memória se guarda. São estas imagens que seguem e rodeiam o poema, dando movimento particular.
    Muito bonito!
    Gosto dessa alusão que pode ser feita entre as postagens de um blog; quando o poema se refere ao poeta Keats, remeti-me de imediato ao poema do escritor inglês que você postou aqui. Muito bacana.

    Um abraço, Cicero.
    Jefferson.

    ResponderExcluir
  3. Cicero,

    parece que estou numa tarde de lindos azuis. Este aqui, o do romance que lia há pouco, o do conto que reescrevo há dias.

    Obrigada por mais um poema tão doce e arejado.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  4. Cícero,

    que poema maravilhoso! Não conhecia o autor. Obrigado por nos dar mais essa pérola de presente!

    Deixo aqui um poema da última safra:


    "Aviso"



    Atenção:


    Meu tolo coração não
    Está preparado para
    Suportar tal solidão,
    Não quer assim se dar à
    Vida de cada batida,
    À valsa de despedida.
    Portanto, apressa-te e vem!
    Repara que mais nnguém
    É como és e apenas eu
    Sei ser plenamente teu.



    Abraço,
    Mateus.

    ResponderExcluir
  5. "uma coisa bonita
    é uma alegria para sempre."
    maravilhoso...

    ResponderExcluir
  6. Beijo

    Os prédios sendo erguidos
    Ao meu redor
    Dizem-me coisas que já sei
    De cor
    Andaimes, pregos, batidas,
    Poeira, trabalho, vidas,
    Circundam-me de telas
    Inundam-me de teias
    Tantos olhos e não vejo nada
    Que me acalme
    Ergue-se o andaime
    Cerca de arame
    Ao longe os sinos batem
    Mancando o tempo
    Quem sabe um novo templo
    vejo um vaso lindo
    as rosas que o embelezam
    a natureza e suas virtudes
    e, sonho, sonho sonho,
    Com o que mais almejo
    teu beijo.

    ResponderExcluir
  7. oi cicero,
    belo poema esse do Dobal.Eu me orgulho muito de viver na mesma cidade desse grande poeta, Tresina.

    Só pra lembrar, você esteve aqui no Salão do livro do Piaui-salip. Vi sua palestra. Amei

    ResponderExcluir
  8. Cicero


    Um poema que fiz para você:

    "Ai, da minh'alma carente!" - Para Antonio Cicero.

    Outra noite tensa... intensa.
    Em que meu cérebro pensa
    Numa hora dessas? Só a vida
    Vê-se agora dividida

    Entre tudo e nada. A noite
    Parece sem fim, de açoite,
    Parece uma amante atenta.
    O amor de que se alimenta?

    Ai, da minh'alma carente
    Restam raspas! Quem a sente
    Sabe que nada a completa.
    Praga ou graça? Sou poeta!


    Forte abraço,
    Adriano Nunes.

    ResponderExcluir
  9. "o pão azul de cada dia" (neruda)

    "azulcinação" (gullar)

    veja este, cícero, do duda machado, surpreendente...


    BREAKFAST

    manhã azulcrinando o céu de meus sentidos

    ***
    além, é claro, de:

    "you know its shimmering artificial blue
    has been delivered by the deepest ocean."


    abç.

    ResponderExcluir
  10. Cicero,


    Um soneto meu:

    "Soneto LXXVIII"

    Era haver o dia, o vento a
    Derrubar portas, ter a
    Vida num barco, sem mera
    Matéria, pessoa à-toa,

    Brindar ao tempo, sentir
    Tudo, saber mudar a
    Azáfama, roda-rara,
    Trama dos astros, sem ir-

    Reais taras, sem a morte
    A pôr medo, natural-
    Mente. Era provocar tal

    Deus ou demônio mais forte:
    O amor! Para alguns, um mal.
    Pra mim, algo sem igual.



    Abração,
    Adriano Nunes.

    ResponderExcluir
  11. Antonio,

    Um poema recente:


    "Através da vidraça" - Para Ledo Ivo.


    Chove voraz. A vida
    Não vacila. A cidade
    Mergulha no caos. De
    Açoite, a noite, é tida

    Através da vidraça.
    A rua, gota a gota,
    Vai-se tornando rota.
    O gesto tudo embaça.

    Transita tanta gente
    Às pressas. Essa chuva
    É turva, oblíqua, curva, a-
    Briga-se diferente

    Em meu verso. Talvez,
    Não vocifere o vento
    Por minha voz. Invento-o
    Em silêncio, de vez.

    Tod'água continua
    Caindo do céu. Tudo
    Despe-se do azul do
    Firmamento, na rua.

    A alegria se esconde
    Agasalhada em lata
    D'água - Cascata nata
    Sobre o telhado de

    Casa - no grito da
    Criançada, babel
    De sonhos. No papel,
    A vida plena, toda.


    Bejos,
    Cecile.

    ResponderExcluir
  12. paulinho (paulo sabino)11 de junho de 2010 às 16:37

    meu amor,

    você, SEMPRE, arrebentando!!

    que linhas LINDAS, quanta delicadeza, que doçura neste olhar poético...

    AMEI!!

    (é sempre muito bom aparecer aqui, no "acontecimentos". é sempre enriquecedor. você contribui para o meu aprimoramento, e me sinto realmente feliz por isso, feliz por ser assim, exatamente assim: você a contribuir para o meu amadurecimento.)

    beijo ENORME!!

    ResponderExcluir
  13. Obrigado, Paulinho! Eu é que fico feliz quando você aparece.

    Beijo

    ResponderExcluir
  14. Um amigo viu e me mandou o link agora há pouco. Eu fui atrás sem saber o que era. Foi uma emoção forte reencontrar meu pai assim por acaso em inusitada companhia e em tão bela aparição/imagem/poema (merci !).

    Em junho de 2010 dei seu texto sobre o Hockney, publicado no 8x fotografia, para os alunos da UnB lerem.

    Gostei também dessa coincidência, ou involuntária sincronia, descoberta agora meses depois.

    Cordial abraço,

    Susana Dobal

    ResponderExcluir
  15. Prezada Susana,

    Fico feliz com essas felizes coincidências.

    Abraço,
    Antonio Cicero

    ResponderExcluir