26.1.10
José Martí: "Dos patrias" / "Duas pátrias": traduzido por Olga Savary
Dos patrias
Dos patrias tengo yo: Cuba y la noche.
¿O son una las dos? No bien retira
su majestad el sol, con largos velos
y un clavel en la mano, silenciosa
Cuba cual viuda triste me aparece.
¡Yo sé cuál es ese clavel sangriento
que en la mano le tiembla! Está vacío
mi pecho, destrozado está y vacío
en donde estaba el corazón. Ya es hora
de empezar a morir. La noche es buena
para decir adiós. La luz estorba
y la palabra humana. El universo
habla mejor que el hombre.
                                        Cual bandera
que invita a batallar, la llama roja
de la vela flamea. Las ventanas
abro, ya estrecho en mí. Muda, rompiendo
las hojas del clavel, como una nube
que enturbia el cielo, Cuba, viuda, pasa...
Duas pátrias
Duas pátrias eu tenho: Cuba e a noite.
Ou as duas são uma? Nem bem retira
sua majestade o sol, com grandes véus
e um cravo à mão, silenciosa
Cuba qual viúva triste me aparece.
Eu sei qual é esse cravo sangrento
que na mão lhe estremece! Está vazio
meu peito, destruído está e vazio
onde estava o coração. Já é hora
de começar a morrer. A noite é boa
para dizer adeus. A luz estorva
e a palavra humana. O universo
fala melhor que o homem.
                                        Qual bandeira
que convida a batalhar, a chama rubra
das velas flameja. As janelas
abro, já encolhido em mim. Muda, rompendo
as folhas do cravo, como uma nuvem
que obscurece o céu, Cuba, viúva, passa. . .
MARTÍ, José. Poesia completa. Madrid: Alianza Editorial, 2001.
tradução:
SAVARY, Olga. In: PAZ, Octavio. Os filhos do barro. trad. de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1974.
observador,
ResponderExcluirimpressionante como as imagens estão nítidas!
acredito que a tradução de olga savary tenha colaborado imensamente para que ficasse preservada a melodia quase triste deste poema.
belo post!
grande abraço!
força de um canto que à noite surge.
ResponderExcluirCuba - viúva -
se levanta para sozinha
Caminhar.
Cicero, é muito lindo!
Abraços.
Jefferson
Forte, intenso e lindo.
ResponderExcluirObrigado, Cícero.
Cícero, você sabe me dizer se os encontros organizados pelo Alex, no Hélio Oiticica, continuarão neste ano?
Robson,
ResponderExcluirAcabo de falar com Alex, que estava viajando, e ele me disse que ainda não está definida a coisa do Centro HO.
Abraço
Belíssimo do poeta «sencillo»:
ResponderExcluirYo soy un hombre sincero
de donde crece la palma,
y antes de morirme quiero
echar mis versos del alma.
«Con los pobres de la tierra
quiro yo mi suerte echar
los arroyos de la sierra
me complacem más que el mar»
Cicero,
ResponderExcluirLindo! Que construção!
Grato por compartilhar!
Grande abraço,
Adriano Nunes.
Obrigado, Cícero.
ResponderExcluirTomara que retomem logo as atividades. Precisando de algo, é só chamar.
Grande Abraço.
(o curso do Eucanaã, está uma delícia)
ResponderExcluirObrigada pela dica
abraço
No centro, está o medo.
ResponderExcluirA esperança verte pelas bordas.
Caio e fico submerso.
Cato meus pedaços.
Sou eu que carrego meu passado.
Sou quem engole e não vomita.
Caminho entre palavras.
Assisto à lua subir entre as montanhas.
Escuto tiros na favela.
Rente aos prédios, voam os helicópteros.
Vivo no Rio desde o dia em que nasci.
Oi Cícero, espero que esteja tudo bem. Sempre que vou à Cobal, lembro de você. Estou preparando um disco com banda, que ainda vai demorar. Nele, vai estar aquela música de que você me disse gostar. Super abraço. Não precisa postar esse.
ResponderExcluirTambém gostei muito do curso do Eucanaã no Maria Antonia, isto é, do que pude aproveitar por causa das intensas chuvas...mas valeu muito o aprendizado em tão poucas horas, obrigada!
ResponderExcluirBelíssimo poema!!! As imagens são descritas com clareza e beleza!!!
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