20.10.09

Nelson Ascher: "nação de pária"




nação de pária


Não que me agrade
gaiola ou grade --
pelo contrário.

Não que me aguarde
lá dentro um mar de
rosas: meu páreo

não é bem este e,
como da peste,
corro por fora,

enquanto a esfinge
feroz nem finge
que me devora.

Porém sucede
que, sem parede,
nada me ecoa,

nem a arbitrária
pátria que, pária,
procuro à toa.



ASCHER, Nelson. Ponta da língua. São Paulo: Max Limonad, 1983.

4 comentários:

  1. Cicero, Cicero,



    Que maravilha! Que lindo, meu Deus! Valeu Nelson Ascher! Valeu Cicero!


    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  2. Bela sequencia de poemas sobre a pátria hein?

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  3. Adorei, Cícero.

    Vir aqui é lucro certo... rsrs

    Forte Abraço!

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  4. Gosto do ritmo, dos batimentos desse poema. Muito bom!

    Um abraço.

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