Carta
Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci: Olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias
(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
da vida a teu menino, que ao sol-posto
perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir, quando dizias
“Deus te abençoe”, e a noite abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias,
e sinto que estou vivo, e que não sonho.
ANDRADE, Carlos Drummond de. "Claro enigma".
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002
Querido Cicero,
ResponderExcluirfiquei muito emocionado com esse poema. Lembro do meu pai e de tudo o que gostaria de dizer a ele, em meio à confusão dos meus dias.
Obrigado pelo belo post.
;*
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindo, Cicero.
ResponderExcluirObrigado.
Grande Abraço!
Antonio,
ResponderExcluirLindo demais.Salve Drummond!
Um soneto...
"Existem extraterrestres"
Existem extraterrestres.
De madrugada, do teto
Da minha casa, projeto
Um jeito de vê-los: (Três
Horas esperando por ti)
Conto todas as estrelas!
Eu sei que posso retê-las
No poema, mas sem ti
Tudo volta para o espaço
Trancado do quarto. O céu
É, claro, onde tudo caço,
Um gigantesco escarcéu:
Nó de gravata, esse laço
Que minha vida me deu!
Beijos,
Cecile.
Esse poema é mesmo emocionante! Evoca tantas lembranças boas...
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