pensamento
(feições)
e fazer a coisa
e pensar a coisa
e pensar é fazer a coisa
e a coisa se faz pensando
e fazendo a coisa se pensa
e pensando a coisa se faz
e pensar a coisa é fazer
e fazer pensar é a coisa
e pensar fazer é quase
a mesma coisa.
(03.III.05)
NASCIMENTO, Evando.
Retrato desnatural. (diários - 2004 a 2007). Rio de Janeiro: Record, 2008.
o horror do Anticristo de Lars Von Trier, é o desfazimento do corpo ou pensamento da coisa?
ResponderExcluirapenas três palavras para dizer muito! O poema tem tudo a ver com o Evando; com o que conheço dele por livros e palestras.
ResponderExcluirCicero,
ResponderExcluirÓtimo! Deixo aqui dois poemas do Arnaldo Antunes que me remetem à mesma sensação:
"Pensamento"
Composição: Arnaldo Antunes
Pensamento que vem de fora
e pensa que vem de dentro,
pensamento que expectora
o que no meu peito penso.
Pensamento a mil por hora,
tormento a todo momento.
Por que é que eu penso agora
sem o meu consentimento?
Se tudo que comemora
tem o seu impedimento,
se tudo aquilo que chora
cresce com o seu fermento;
pensamento, dê o fora,
saia do meu pensamento.
Pensamento, vá embora,
desapareça no vento.
E não jogarei sementes
em cima do seu cimento.
"Nasça"
Arnaldo Antunes
nasça o que nasce
e que passe o que passa
mesa cadeira
televisor
sol geladeira
lençol cobertor
árvore telha
vento vapor
pássaro abelha
despertador
nasça o que nasce
e que passe o que passa
leite cigarro
gelo café
plástico ferro
pão chaminé
chave moeda
página pé
fósforo pedra
sangue chiclé
nasça o que nasce
e que passe o que passa
Abração,
Adriano Nunes.
Logo, a diferença entre fazer pensar (objeto de toda arte) e pensar fazer (mesmo quando fazemos) é tênue e nos traz uma verdade, geralmente oculta: é mais fácil não fazer nada, mesmo na suprema ação, quando mergulhados na reificação, que nada fazermos e assim conseguirmos constituir uma ação efetiva, ainda que pela negação de qualquer ação.
ResponderExcluirLeonardo Menezes/Brasília
Poesia em nexogrupal.blogspot.com. Dá uma olhada lá, Cícero!
Obs: para publicar o último comentário, por favor suprima seu fim, quando falo de nosso blog.
ResponderExcluirObrigado.
Leonardo Menezes
que coisa, hein?
ResponderExcluirLeonardo,
ResponderExcluirnão tenho como suprimir nada dos comentários. A única escolha que tenho é publicá-los ou não os publicar. Se você quiser, eu o retiro; mas não vejo razão para isso. Fui ao nexogrupal e gostei. E recomendo.
Abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiré quase...
ResponderExcluirquase que é como um fio de vida entre o pensante e o pensado
entre a coisa e o a idéia...
não era,
mas foi quase...
(...a mesma coisa)
Cicero,
ResponderExcluircoloquei o soneto "ANTONIO CICERO" recitado em meu blog. Se der, veja, ok? MUITO GRATO!
ABS,
A. NUNES.
Adriano,
ResponderExcluirquem agradece sou eu. Adorei. Muito obrigado.
Abraço
que maravilha este poema!!
ResponderExcluirsabe o que estas linhas me lembraram? o texto onde você escreve muitíssimo bem sobre o fato de não partirmos quando fazemos ou lemos um poema.
pensar fazendo, fazer pensando, pensar e fazer como a mesma coisa, isso me remete à identidade do poema, isto é, significado e significante, na poesia, não se separam; nada se separa de nada; nada parte.
fazer, pensar, pensar, fazer, tudo ao mesmo tempo, sem deixar que nada escape - nem o fazer, nem o pensar.
adorei!!
beijo, poetósofo de primeiríssima!!