Atendendo à sugestão do Paulinho, eis o poema que digo no post anterior.
MEIO-FIO
Domingo à noite, ao cinema,
à comédia americana
do Roxy, em Copacabana:
Que melhor estratagema
para vencer a acedia
domingueira, num programa –
sonorama, cinerama –
com um toque de nostalgia,
drops e ar condicionado,
e um trailer, de aperitivo
(que filme é mais incisivo
que o somente insinuado?)
Mas, na Barão de Ipanema
com a Domingos Ferreira,
eis que fazemos besteira,
a um quarteirão do cinema:
é que, à procura de vaga,
não vemos que vem um carro
na transversal, e o esbarro
não é grande mas estraga
os planos. Resta esperar
ao meio-fio a perícia.
Mas a noite, com a malícia
e a fluidez de um jaguar,
nada espera. Da Avenida
Atlântica, a maresia,
cio noturno, alicia
para outras eras da vida.
Que poema saboroso. Tantas portas. Bacana poder comparar entre o lido e o ouvido, experiências distintas.
ResponderExcluirPrezado Cícero,
ResponderExcluirAinda que vê-lo e ouvi-lo dizer o poema seja interessante pelas entonações e pela proximidade com o autor que o vídeo nos dá, ler é muito melhor.
Para mim, a compreensão da poesia tem na leitura seu tempo mais apropriado.
Como ex-carioca da Tijuca, radicado há muito em São Paulo, adorei o clima "zona sul" do poema.
Abraço,
JR.
ô, meu amor,
ResponderExcluirvaleu pelo poema!
concordo com o marcelo pereira: ler o poema é uma experiência, ouvir você recitando-o é outra, e ouvir você durante a leitura dos versos é uma terceira.
e: TODAS ÓTIMAS!
maravilha, meu poeta porreta!
ganhamos todos!
beijo, minha lindeza!
Lindo poema! Maravilhoso ouvi-lo.
ResponderExcluirCom admiração sincera.
Rogéria.
Cicero,
ResponderExcluirPerfeito! Excelente! E essa construção quebrada dos versos, dando duplo sentido, feito o trânsito, dupla-mão, as sete sílabas tônicas deixando o leitor atônito, perdido, como se estivesse para atravessar a rua! (Ou ir ao cinema também?) Uau! Tudo perfeito! Excelente! Gostei dos deslocamentos silábicos - amplamente musical!
Abração!
Adriano Nunes.
Querido Cicero,
ResponderExcluiruau, que poema belo. De fato, ler e ouvir são experiências distintas - só que, nesse caso, não menos excitantes.
Beijo grande.
Belo!
ResponderExcluirMuito obrigado aos comentários tão generosos de vocês.
ResponderExcluirAbraços
Cicero,
ResponderExcluirUm dos meus poemas concretos:
"RAIO-X" (DE ADRIANO NUNES) - PARA AUGUSTO DE CAMPOS.
atra
ves
(so
me
u
ser)
por
dentro
da
máquina
es
pe
(re
vê-
lo
a
go
ra)
ro
(to
do)
em
um
filme
em
preto
e
branco
r(e)sta
vel
ar(o)
plano
gás
vísceras
ossos
em
contras
te.
Abraço forte!
Adriano Nunes.
Cicero,
ResponderExcluirGostaria de explicar a parte relativa à Medicina do meu poema, para que fique clara a sua construção: uma radiografia do corpo humano compreende uma leitura das densidades das estruturas do corpo, isto é, quanto mais sólido e rígido, mais radiopaco é o corpo, logo na "chapa" ou "filme" da radiografia, esse corpo aparece branco. Quanto menos denso: líquidos, gases, mais radiotransparente, logo aparece mais escuro, preto. A construção do poema se baseia nisso e na emissão das partículas (no caso, as sílabas das palavras).
Muito obrigado!
Abração!
Adriano Nunes.
tão bonito ouvi-lo!!
ResponderExcluirtraz sua música do poema.
`maresia, cio noturno`! perfeito, genial!
ResponderExcluirQue coisa bonita, Cicero!!!
ResponderExcluirAeta