Adriano Nunes sugeriu que eu traduzisse e publicasse algum poema do Walt Whitman. Resolvi traduzir "Once I passed through a populous city". Optei, porém, pela versão original do poema (que se encontra no manuscrito UPP, II, 102, e é reproduzida na edição abaixo citada). Nessa versão original, quem perambula pela cidade com o poeta é um homem, e não uma mulher, como na versão modificada para publicação.
Uma vez passei por uma cidade populosa
Uma vez passei por uma cidade populosa, imprimindo no cérebro, para uso futuro,
seus espetáculos, sua arquitetura, seus costumes e tradições
Mas agora de toda aquela cidade só recordo o homem que perambulou comigo por lá, por amor a mim.
Dia após dia e noite após noite ficamos juntos.
Tudo mais foi há muito esquecido por mim – Recordo, repito, só um homem rude e ignorante que, quando parti, segurou-me a mão por muito, muito tempo, com lábios silenciosos, triste e trêmulo.
Once I passed through a populous city
Once I passed through a populous city, imprinting on my brain, for future use, its shows, architecture, customs and traditions
But now of all that city I remember only the man who wandered with me there, for love of me.
Day by day, and night by night, we were together.
All else has long been forgotten by me — I remember, I say, only one rude and' ignorant man who, when I departed, long and long held me by the hand, with silent lips, sad and tremulous.
De: WHITMAN, Walt. The complete poems.
Cicero, amado Cicero,
ResponderExcluirRealmente, não sei como agradecer! Fico feliz a cada dia que passa por frequentar esse cantinho mágico e cheio de luz e por ser seu amigo - não há nenhum tesouro no mundo que valha mais que isso! Esse poema é sublime e eu o adoro. Muito obrigado! Muitíssimo mesmo!
Abraço fraterno,
Adriano Nunes.
Antonio,
ResponderExcluirQue lindo poema e que belíssima transcriação! Possuo a obra completa de Walt, em inglês, e Folhas da Relva, em Português (foi a primeira, simples,traduzida por Luciano Alves Meira). Amei!
Um poema meu, recente:
***SOBRE O MEU MUNDO***
Fecho os meus olhos
E tudo abraço.
Que lindo laço
De flerte eu faço!
(somente o verso)
Todo meu mundo:
Um universo
Muito diverso,
Frágil, profundo!
(apenas, foco-o)
Como o componho,
Quem é que sabe?
Lance de lápis
No papel? Sonho?
Beijos,
Cecile!
Prezado poeta,
ResponderExcluirEsse poema já tinha sido traduzido do original por seu querido (e nosso) Waly Salomão. Assim, ele volta, quase com a mesma roupa, para o nosso deleite via você. Legal. Salve Whitman.
João Batista de Morais Neto
Prezado Antonio Cicero,
ResponderExcluirOlha, a bela tradução de Waly está na antologia Folhetim, poemas traduzidos, da Folha de S. Paulo, de 1987, na p.96. Há muito que namoro com esse poema via Waly, porque até então só conhecia as versões que descartam o afeto masculino.Queria postar no meu blog, estava na pauta, e aí meu deparei com o poema no ACONTECIMENTOS. Sincronicidade, grande abraço de um leitor seu,
João
gosto de pensar que - se pudesse - o homem em questão responderia a Whitman assim,
ResponderExcluirDESINFERNO II
Caísse a montanha e do oiro o brilho
O meigo jardim abolisse a flor
A mãe desmoesse a carne do filho
Por botão do vídeo se fizesse amor
O livro morresse, a obra parasse
Soasse a granizo o que era alegria
A porta do ar se calafetasse
Que eu de amor apenas ressuscitaria
Luiza Neto Jorge In poesia (2a. ed). Assírio & Alvim, 2001
bj
Belíssimo, eu não conhecia - obrigada :-))
ResponderExcluirCaro Cícero,
ResponderExcluirfico muito feliz em ler Whitman no seu blog. Para mim Whitman é sempre uma grande companhia. Valeu mesmo!
Um abraço.
Jefferson.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAzaléia
ResponderExcluirA flor mais bela
Azaléia
Brotou de repente
Uma só noite ausente
Iluminou o meu semblante com a
Sua beleza tão singela
Deixou-me tão leve...
Posso dar piruetas no ar
Achar a fumaça/fuligem
E o barulho dos motores
E o espetáculo vazio dos prédios
Frios
Cheios de graça, alegres,
Feito fogos de artifício
Ao longe, um lindo arco-íris
Parece um vitral
A natureza é tanto mais bela
Quanto mais natural.
:-)
ResponderExcluirque lindo!
ResponderExcluire que homem rude e ignorante devia ser o tal (rs)!... este homem atiça a minha curiosidade, rapaz (rs)...
maravilha!
beijo, meu porto de luz!
Antonio Cicero, eis a tradução de Waly:
ResponderExcluirUma vez atravessei uma cidade populosa
Uma vez atravessei uma cidade populosa imprimindo no meu cérebro, para uso futuro,
seus espetáculos, sua arquitetura, trajes e tradições.
Mas agora de tudo daquela cidade me recordo só de um homem
que por ali vagabundeou comigo e que me amou.
Dia após dia, noite após noite, permanecemos juntos.
Tudo o mais já foi esquecido por mim - me recordo
só de um homem
rude e ignorante que, quando parti, segurou minha mão muito tempo,
boca não disse palavra, triste e trêmulo.
Folhetim, 03.02.85
João Batista de Morais Neto
João Batista,
ResponderExcluirObrigado por enviar a tradução do Waly. É boa. Gostei de ele ter feito alusão ao Drummond no final, com a frase "boca não disse palavra", do poema "Caso do vestido".