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En medio de la multitud
En medio de la multitud le vi pasar, con sus ojos tan rubios como la cabellera. Marchaba abriendo el aire y los cuerpos; una mujer se arrodilló a su paso. Yo sentí cómo la sangre desertaba mis venas gota a gota.
Vacío, anduve sin rumbo por la ciudad. Gentes extrañas pasaban a mi lado sin verme. Un cuerpo se derritió con leve susurro al tropezarme. Anduve más y más.
No sentía mis pies. Quise cogerlos en mi mano y no hallé mis manos; quise gritar, y no hallé mi voz. La niebla me envolvía.
Me pesaba la vida como un remordimiento; quise arrojarla de mí. Mas era imposible, porque estaba muerto y andaba entre los muertos.
Em meio à multidão
Em meio à multidão o vi passar, com seus olhos tão louros quanto a cabeleira. Caminhava abrindo o ar e os corpos; uma mulher se ajoelhou a seu passo. Eu senti como o sangue desertava minhas veias gota a gota.
Vazio, andei sem rumo pela cidade. Pessoas estranhas passavam a meu lado sem me ver. Um corpo se derreteu com leve sussurro ao tropeçar em mim. Andei mais e mais.
Não sentia meus pés. Quis segurá-los com a mão e não achei minhas mãos; quis gritar, e não achei minha voz. A névoa me envolvia.
Pesava-me a vida como um remorso; quis arremessá-la de mim. Mas era impossível, porque estava morto e andava entre os mortos.
Que coisa linda de se ler. Tocante.
ResponderExcluirCaro Antonio Cícero,Belo o poema, excelente a tradução de um dos poetas marcantes da Geração de 27: do mesmo poeta, Luís Cernuda, e na tradução de José Bento, deixo aqui dois versos do seu poema ONDE HABITE O ESQUECIMENTO:
ResponderExcluir«Além, além, longe;/Onde habite o esquecimento.»
Domingos da Mota
A poesia são palavras de magia
ResponderExcluirO verbo louco da alegria,o que dilui sofrer
A poesia contra a mó:morrer
Seja o poeta um demiurgo,seja destrutor
Corruptor de si ou de menores
Só a si próprio deve dar prazer
Deve existir e deve ser como fulgor de si
Os outros homens que se fodam
A poesia
em mim por dentro
intra-venosa
eu me apliquei
AMADO CICERO,
ResponderExcluirLindo poema!
Eis meu novo soneto:
"DOS LIVROS" ( PARA EUCANAÃ FERRAZ)
Dissolvo-me, nos outros eus, alheio
À vida. Quem eu sou sempre não calha.
Sou vassalo: detalho-me migalha,
Espalho, sem vestígio, o que folheio.
Sou somente esse servo da Poesia:
Solto-me do meu ser e tudo sorvo.
O meu verso preservo desse estorvo,
O meu nervo nem tudo mais vigia.
A minha lida fez-se de vazios,
O meu sonho, talvez, só do silêncio
Dos fantoches, a voz que fantasio.
Vem dessa fancaria, brilho imenso,
Sem sol, sem firmamento, fino fio
De navalha, retalhos feitos dentro.
Abraço forte!
Adsriano Nunes.
nossa, que lindo, que forte!
ResponderExcluir(e que situação, caramba!...)
tão difíceis esses momentos em que a vida pesa feito remorso...
aliás, ontem revi o 'milk' e saí ainda mais tocado... estou com harvey e toda a sua estória, e todos os demais personagens, assim, reverberando na cuca... essa história, pra mim, que fui ativista, é muito forte, diz muito fundo. porque é uma luta, como bem disse harvey milk, não por poder ou glória; é uma luta pela vida. isso é lindo demais. enfim, chega, tô muito emocional hoje (rs).
um beijo em você e no arthur nogueira que, pelos seus comentários -- sempre bonitos, doces -- e pelas nossas afinidades, mesmo sem o conhecer pessoalmente, aos meus olhos é uma graça de pessoa!
Prezado Cicero:
ResponderExcluircomo vai? estamos formatando um projeto sobre...ENCONTRO COM A POESIA BRASILEIRA...
contamos com vc...será convidado!
desculpe-me a "discrição"...!
grande abraço do Poeta e sociólogo:
PEDRINHOrenzi.
moradadosol sp br
Obrigado, Pedrinho!
ResponderExcluirAguardo o convite.
Abraço
Amado Cicero,
ResponderExcluirOutro soneto às pressas:
"DA POEIRA" (UM ELOGIO À POEIRA DOS SEBOS, PARA MEU AMIGO MARIANO, DO BLOG PENEIRA DO RATO, POR SEMPRE ME ESTIMULAR A ESCREVER SONETOS)
À procura das pérolas perdidas,
Entre poeira, ácaros, acaso,
As minhas esperanças extravaso,
Prateleiras percorro, sem saídas.
Vejo os autores, títulos, assuntos,
Perco-me nesse mundo literário,
Meu coração dispara: breviários,
Dicionários, Bíblias, tudo junto,
Poemas, textos raros, tanta prosa,
Outro tempo sem volta revirado,
Babel de aprendizado prazerosa,
Em busca de propósito, passado,
Presente, esse porvir, vã nebulosa
De palavras, de brado inesperado.
Beijo imenso!
Adriano Nunes.
Antonio,
ResponderExcluirBelos versos!
***POTE DE OURO***
Lanço-me à vida:
Sou tua escrava.
Tudo está a ser
Navios náufragos
De vis promessas,
De vãs vontades.
Deixo-me ver
Qualquer palavra.
Enfim, só sinto
Meu coração
Bater por ti,
Grande Vernáculo!
Beijos,
Cecile.
P.S.: andei ausente um pouco, mas li todas as postagens e todas são magníficas, principalmente os seus ensaios!
Obrigado, Cecile!
ResponderExcluirQue bom que você voltou!
Beijo
adriano,
ResponderExcluirlindíssimo o seu soneto! A-DO-REI!
continue escrevendo, por favor!
um beijo grande em você e no 'síndico' do 'condomínio' (rs)!
Paulinho,
ResponderExcluirObrigado! Fico feliz por você ter gostado do meu soneto!
Grande beijo em você e em Cicero!
Adriano Nunes.
Gostei muito de ler "Em meio à multidão", Cícero. Obrigado pelo texto!
ResponderExcluirAbraços
Jefferson