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Pobre velha música!
Não sei por que agrado
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
Recordo outro ouvir-te.
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
De: PESSOA, Fernando. "Cancioneiro". In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
AMADO POETA,
ResponderExcluirSERÃO DIAS PESSOANOS MARAVILHOSOS! E FICAREMOS AQUI NA EXPECTATIVA DE SABER QUAL PÉROLA SERÁ POSTADA." À PARTE ISSO, TENHO EM MIM TODOS OS SONHOS DO MUNDO."
ABRAÇO FORTE! FELICIDADES!
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.
PARA VOCÊ, MEU FAROL:
ResponderExcluirFernando Pessoa
"Cancioneiro 171"
Quando era criança
Vivi, sem saber,
Só para hoje ter
Aquela lembrança.
E hoje que sinto
Aquilo que fui.
Minha vida flui,
Feita do que minto.
Mas nesta prisão,
Livro único, leio
O sorriso alheio
De quem fui então.
2-10-1933
IN: FERNANDO PESSOA;OBRA POÉTICA;VOLUME ÚNICO;CANCIONEIRO;PÁGINA 174;EDITORA NOVA AGUILAR;2006.
ABRAÇO FORTE!
FELICIDADES!
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.
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ResponderExcluirsensacional, cicero! como tudo dele.
ResponderExcluira sacação de que a lembrança de uma realidade está numa dimensão divergente da dimensão do que foi 'realmente' vivido. ou seja, se no meu passado, no passado um dia por mim vivido, no passado que um dia foi o meu presente, eu fui feliz ouvindo determinada canção, ou lendo tal livro, ou assistindo a um filme específico, eu não sei; só sei que no passado construído pela memória, ou seja, no passado vivenciado no presente através da recordação, eu sou/fui feliz com a tal canção ou com os tais livro e filme recordados.
e, no fundo, como tudo se trata de um eterno presente, ser feliz, seja no presente propriamente dito, seja no passado da memória - que, ao seu modo, também é uma forma de presente -, é o que mais importa.
o máximo! adorei tudo!
beijoca, poeta porreta de dar gosto (rs)!
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ResponderExcluirobservador,
ResponderExcluira percepção do instante em que se atinge o auge de um entusiasmo é a felicidade. pelo menos deveria ser...
belo poema, e ainda há tanto o que saber a respeito de Pessoa...
grande abraço!
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ResponderExcluirMaravilhoso! Ah, Pessoa e seus heteronômios...
ResponderExcluirAMADO MESTRE,
ResponderExcluirSEI QUE VOCÊ TINHA GOSTADO DO SONETO "CIRCE". QUANDO LHE PEDI QUE ME APONTASSE AS "FALHAS MÉTRICAS", FIQUEI EM DÚVIDA SOBRE REFAZÊ-LO... MAS ... EIS O RESULTADO:
"Κίρκη"
Para Antônio Cícero
Ouve-me, agora, tão bravo guerreiro:
À Grécia, tua glória, nunca tardes!
De tudo, que terás? Este teu alarde?
Ainda assim partindo, nada é cedo.
Cala-te e vai! Sereias? Talvez Arte
De encantar teus ouvidos, teus segredos.
Os meus versos marítimos, concedo
A ti - Sabes viver preso destarte?
Que poderão estes mares violentos,
Se tudo pronto está para a partida
E o Destino veloz vem se movendo
Contra toda intempérie desta vida?
E qual encanto, amando-te, não tenho?
Guarda-te: não há dúvida devida!
ABRAÇO FORTE!
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.
Caros amigos,
ResponderExcluirTenho estado sem tempo para responder aos comentários, mas quero agradecer e dizer que apreciei muito a gentileza de Adriano, Arthur, Paulinho, Betina e Ana C., bem como os poemas e pensamentos que postaram. Muito obrigado.
Parabéns pelo soneto, Adriano.
Abraços
Achei excepcional este seu soneto, Adriano.
ResponderExcluirCícero, está sendo bom demais vir aqui ler os Pessoa escolhidos por você, obrigada.