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Não era ninguém
– Não era ninguém. A água. – Ninguém?
E não é ninguém a água? – Não
há ninguém. É a flor. – Não há ninguém?
Mas não é ninguém a flor?
– Não há ninguém. Era o vento. – Ninguém?
O vento não é ninguém? – Não
há ninguém. Ilusão. – Não há ninguém?
E não é ninguém a ilusão?
No era nadie
– No era nadie. El agua. – ¿Nadie?
¿Que no es nadie el agua? – No
hay nadie. Es la flor. – ¿No hay nadie?
Pero ¿no es nadie la flor?
– No hay nadie. Era el viento. – ¿Nadie?
¿No es el viento nadie? – No
hay nadie. Ilusión. – ¿No hay nadie?
¿Y no es nadie la ilusión?
De: JIMÉNEZ, Juan Ramón. Jardines lejanos. Madrid: Taurus, 1982.
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ResponderExcluircicero querido,
ResponderExcluirvejo aqui nos comentários que foi seu aniversário. parabéns! mas tinha passado aqui pra te dizer que há muito tempo não lia nada tão lindo como o que você escreveu sobre a poesia na ilustrada de domingo.
um beijo grande e muita alegria!
noemi
Puxa, que perfeição !
ResponderExcluirQuerida Noemi,
ResponderExcluirmuito obrigado. Tenho pensado em você. Outro dia li que você está orientando uma oficina de contos. Que seja um grande sucesso! Um abraço para o João e um beijo para você.
Antonio Cicero
CÍCERO,
ResponderExcluirASSIM COMO VOCÊ TAMBÉM CONSIDERO O CD DE ADRIANA CALCANHOTTO A MELHOR CRIAÇÃO DO ANO EM MÚSICA E POR ISSO FIZ UMA CRÍTICA MUSICAL E POSTEI EM MEU BLOG - SE VOCÊ ACHAR QUE ELA PODERIA SE RPOSTADA EM SEU BOG MAIS UMA VEZ FICARIA GRATO - O TEXTO SEGUE ABAIXO - UM GRANDE BEIJO E ABRAÇO!
CRÍTICA MUSICAL: MARÉ – ADRIANA CALCANHOTTO
POR ADRIANO NUNES
QUE FAZ UM ARTISTA RETOMAR UM TEMA E CONDUZI-LO À MÁXIMA EXPERIÊNCIA, A RETOQUES IMPLACÁVEIS E SUTIS, A UMA PENEIRA, UM FILTRO? MATURIDADE. SIM, AMADURECIMENTO – MAR DE CIMENTO – FIRME MAR DE ONDAS CRIATIVAS QUE VÃO-E-VÊM CADA VEZ MELHORES, CADA VEZ MAIS QUERENDO ROÇAR A TEZ DA AREIA – A PRAIA NUA DA BOA MÚSICA. E A PRAIA DE ADRIANA CALCANHOTTO É A SUA MÚSICA.
AO ENCERRAR O CD “A FÁBRICA DO POEMA” COM A DÉCIMA QUINTA CANÇÃO INTITULADA “MINHA MÚSICA”, A CANTORA E COMPOSITORA ADRIANA CALCANHOTTO DIZ EM SEUS ÚLTIMOS VERSOS: “MINHA MÚSICA QUER SÓ SER MÚSICA: MINHA MÚSICA NÃO QUER POUCO.”
TALVEZ, À ÉPOCA DESSE DISCO, CALCANHOTTO NÃO TIVESSE NOÇÃO DE QUE A INSPIRAÇÃO, O SEU DOM, A SUA RACIONALIDADE, A SUA SENSIBILIDADE, A SUA MÚSICA TRARIAM À TONA UMA MARÉ CHEIA DE PÉROLAS, SEREIAS, PORTOS, SEGREDOS, MULHERES, SAÍDAS... PARA LÁ: TRÊS! SIM, UMA TRILOGIA, NÃO OBRIGATÓRIA, MAS UM PASSO (OU UMA BRAÇADA? OU UM MERGULHO?) PARA ALCANÇAR O ESPLENDOR-REFLEXO DO SEU CANTO MARÍTIMO.
“MARÉ” É O NOVO CD DE ADRIANA CALCANHOTTO. É UMA SEQUÊNCIA TARDIA, PENSADA, CRISTALINA E BELA, DO SEU CD MARITMO. SE NESTE É O PARAGOLÉ QUE IMPERA, NAQUELE É O AZUL EM LINHAS DESCONEXAS, EM AREIA AZUL TURQUESA, MULHER SEM RAZÃO: SEREIA. ASSIM É “MARÉ”, ÁLBUM DEDICADO AO POETA BAIANO WALY SALOMÃO, AMIGO E COMPANHEIRO DE COMPOSIÇÕES.
A MÚSICA DE ABERTURA E QUE DÁ NOME AO CD, COMPOSTA POR ADRIANA E MORENO VELOSO, REMETE-NOS À EXPECTATIVA DO QUE VIRÁ A SER ESSE MAR POÉTICO E DELICIOSAMENTE MUSICAL QUE A AUTORA PRETENDE QUE NÓS, OUVINTES, CRÍTICOS, FÃS DE MÚSICA E POESIA, NAVEGUEMOS: “O MAR SE DÁ COMO IMAGEM” OU “SERÁ SÓ LINGUAGEM”? SÃO OS VIOLÕES DE ADRIANA E DE MORENO AS ONDAS QUE ECOAM PELAS BATIDAS DE DOMENICO LANCELLOTTI. AQUI O MAR NÃO É PARA TRAGÉDIAS OU DESCASOS; É PARA O AZUL DO CÉU, PARA AS ESPERANÇAS, PARA AS NOTAS QUE EMRGEM E MERGULHAM COMO GOLFINHOS.
“SEU PENSAMENTO” COMPOSTA POR DÉ PALMEIRA E ADRIANA CALCANHOTTO TRADUZ O CETICISMO DA COMPOSITORA PARA LUGARES ALÉM-MAR, SÓLIDOS, FIRMES – “PÉS NA PEDRA”, “ESTACIONAMENTO”, “NA TERRA”, “AREIA”, “APARTAMENTO’ – ONDE? – MOVIDOS POETICAMENTE PELO “VENTO NO CABELO” E PELAS “VOLTAS NA TERRA”. COMO NÃO PENSAR NOS CELLOS DE MORENO VELOSO E NO PIANO ELÉTRICO DE KASSIM?
A MÚSICA “TRÊS” DOS MARÍTIMOS IRMÃOS MARINA LIMA E ANTONIO CICERO ANTECIPA O ENCANTAMENTO DAS SEREIAS. SEUS COMPOSITORES PRESENTEARAM O CD COM UMA CANÇÃO BEM DILACERANTE – NOSSA ALMA PARECE SER FISGADA POR UMA DAS TRÊS TENTATIVAS HARMÔNICAS DE EXPRESSAR O MAR ALI OCULTO: “O SOL”, “NAUFRAGAR” E TERMINANDO “AO MAR”. “TRÊS” É BOA DEMAIS!
EIS QUE COMEÇA “PORTO ALEGRE’, CRIADA POR PÉRICLES CAVALCANTI PARA HOMENAGEAR A CIDADE NATAL DE ADRIANA CALCANHOTTO. ALEGRE, MUSICALMENTE ENVOLVENTE, POPULAR, SEM PRECONCEITOS, MITOLÓGICA: A ESTÓRIA DE ULISSES, ENVOLVIDA PELO RITMO CALIPSO, AO PARTIR DA ILHA DE EA ONDE RESIDE A FEITICEIRA CIRCE, PARA CRUZAR COM AS SEREIAS – “AMARRADO NUM MASTRO, TAPANDO AS ORELHAS”. FICAR ATENTO AOS PODEROSOS CANTOS DA ENCANTADORA SEREIA MARISA MONTE.
AS BATIDAS LEVES E SOLTAS DO VIOLÃO DE ADRIANA E O ARRANJO DE METAIS DE RODRIGO AMARANTE TRANSFORMAM “MULHER SEM RAZÃO” NO DIVISOR DE ÁGUAS MELÓDICAS DO DISCO. FEITA POR DÉ, BEBEL GILBERTO E CAZUZA (O POETA GRAVOU ESTA CANÇÃO EM SEU DISCO BURGUESIA – FAIXA 11), “MULHER SEM RAZÃO” É UM LIAME QUE FAZ DE “MARÉ” UMA SEQUÊNCIA-CORPO DE “MARITMO”, JÁ QUE NESTE HÁ A BELÍSSIMA CANÇÃO “MAIS FELIZ” DO TRIO MAIS FELIZ E SEM RAZÃO.
A PARTIR DAÍ, O DISCO PROJETA O LADO INTIMISTA E POÉTICO – DIGA-SE DE SUA ADMIRAÇÃO PELA POESIA – DA CANTORA: “TEU NOME MAIS SECRETO” POSSUI FRAGMENTOS DO POEMA “MADEIRAS DO ORIENTE” DE WALY SALOMÃO (DE “PESCADOS VIVOS”, EDITORA ROCCO, PG. 55) – SÃO AS “GRUTAS IGNOTAS” OU CONCHAS DO MAR?
E O MOMENTO SEGUE COM “SEM SAÍDA” DE CID CAMPOS E AUGUSTO DE CAMPOS, “PARA LÁ” DE ADRIANA E ARNALDO ANTUNES – PURA POESIA: O MAR GANHA DIMENSÕES INCALCULÁVEIS; ENTRETANTO, DEVE SER EXPLORADO TODO O SEU INFINITO.
KASSIM E TORQUATO NETO NOS BRINDAM COM A DOCE “UM DIA DESSES” E “ONDE ANDARÁS” DE CAETANO VELOSO E FERREIRA GULLAR É RE-ENCONTRADA INTACTA PELA ESCAFANDRISTA ADRIANA CALCANHOTTO. O CD ESTÁ PRESTES A ACABAR E A VIAGEM PELO “SARGAÇO MAR” DE DORIVAL CAYMMI SÓ NOS INDICA AGORA QUE DIREÇÃO TOMAR: OUVIR TUDO NOVAMENTE COMO SE FOSSE A CHANCE ENIGMÁTICA DE ENCONTRAR A PÉROLA, ALI, ESCONDIDA NA OSTRA ACÚSTICA.
PRODUZIDO POR ARTO LINDSAY E ADRIANA CALCANHOTTO, “MARÉ” É, SEM DÚVIDA, O MELHOR LANÇAMENTO DO ANO EM MÚSICA: MARMORÁVEL!
Quinta-feira, 9 de Outubro de 2008
ResponderExcluirWALY SALOMÃO - "Exterior" - Uma pérola preciosa de Waly que dedico a Antonio Cicero.
EXTERIOR (WALY SALOMÃO)
PARA ANTONIO CICERO
POR QUE A POESIA TEM QUE SE CONFINAR
ÀS PAREDES DE DENTRO DA VULVA DO POEMA?
POR QUE PROIBIR À POESIA
ESTOURAR OS LIMITES DO GRELO
DA GRETA
DA GRUTA
E SE ESPRAIAR EM PLENO GRUDE
ALÉM DA GRADE
DO SOL NASCIDO QUADRADO?
POR QUE A POESIA TEM QUE SE SUSTENTAR
DE PÉ, CARTESIANA MILÍCIA ENFILEIRADA,
OBEDIENTE FILHA DA PAUTA?
POR QUE A POESIA NÃO PODE FICAR DE QUATRO
E SE AGACHAR E SE ESGUEIRAR
PARA GOZAR
- CARPE DIEM -
FORA DA ZONA DA PÁGINA?
POR QUE A POESIA DE RABO PRESO
SEM PODER SE OPERAR
E, OPERADA,
POLIMÓRFICA E PERVERSA,
NÃO PODER TRAVESTIR-SE
COM OS CLITÓRIS E OS BALANGANDÃS DA LIRA?
De: SALOMÃO, Waly. "Exterior". In: Lábia. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Postado por QUEFAÇOCOMOQUENÃOFAÇO às 09:33
P.S.: POSTADO NO BLOG! ABRAÇO FORTE!
ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.
Se vc não se importar, mando um feliz aniversário atrasado mas com muito carinho, um abraço, e muitas e muitas felicidades,
ResponderExcluirBranca
Branca nuvem
não espere
Percorra a atmosfera
Lembra da nossa quimera
Sou agora um anjo vagalume
Em busca do nada
Talvez te encontre pela estrada
Enquanto o pássaro canta
maviosamente
Através da madrugada.
olá, cicero, muito prazer... de vez em quando visito seu blog e hoje para minha surpresa, um texto de jiménez, que eu gosto tanto!
ResponderExcluirte deixo um abraço,
maiesse
Alcione,
ResponderExcluirmuito obrigado.
Beijos
Cícero, sempre estou aqui de olho nas suas escritas, adoro seu blog! SUCESSO!
ResponderExcluirMauri!