29.10.08

Francisco Alvim: "Em silêncio conversemos"

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Em silêncio conversemos

Que fazer deste ser
sem prumo
despencado do extremo de um dia e
que o sono não recolheu?

Não não indaguemos
Para que indagar matéria de silêncio
Procurar a nenhuma razão que nos explique
e suavemente nos envolva
em suas turvas paredes protetoras

Nada de perguntas
A campânula rompeu-se
O instante nos ofusca

A quem sobra olhos resta ver
um ser nu a vida pouca
Só dentes e sapatos
de volta para casa

Nem um passo à frente
ou atrás
De pés firmes
o corpo oscilante
neste suave embalo da mágoa
descansemos




De: ALVIM, Francisco. Sol dos cegos. Rio de Janeiro: 1968.

13 comentários:

  1. CICERO,

    QUE POEMA BELO BELO! LINDO DEMAIS!
    QUE, EM SILÊNCIO, ADMIREMOS O SEU GRITO POÉTICO!


    FORTE ABRAÇO!
    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.

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  3. Muito estimulante o encontro hoje no IMS.
    grande abraço
    Pedro Lago.

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  4. Caro Pedro Lago,

    também gostei muito.

    Abraço

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  5. Querido Cicero,

    belo poema. Eu adoro essa expressão do título do livro, "Sol dos cegos". Há algum poema homônimo?

    Beijo.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. MEU POETA,


    TENHO ANDADO MEIO TRISTE ESSES DIAS. TODAS AS MINHAS NOVAS POESIAS TÊM COR DE ANGÚSTIA E SOMBRAS... UM GRANDE ABRAÇO!


    "BAIÃO TORÁCICO"






    BATE QUIETO
    MEU CORAÇÃO


    BATE CALADO
    BATE CONFUSO
    BATE CANSADO
    BATE CONTENTE


    BATE BATUQUE
    TÃO DE REPENTE


    BATE CISMADO
    BATE CARENTE
    BATE CERCADO
    BATE CONTRITO


    EM MIM DESTARTE
    FREVO CARDÍACO


    QUASE PERDIDO
    QUASE PLETÓRICO
    QUASE PERPLEXO
    QUASE PARANDO


    BATE BATIDA
    TOLO TAMBOR


    ARREPENDIDO
    AMARGURADO
    ANGUSTIADO
    ABORRECIDO


    DO MEU SILÊNCIO
    QUE SABERÁ


    MEU CORAÇÃO?




    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.

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  9. Muito belo como ele só quer voltar pra casa e ser embalado, como ele não aguenta mais pensar. Como desistiu de construir muros de razões e se deixou ofuscar pelo instante. Como um poema de tristeza e cansaço pode se tornar uma grande afirmação da vida. Muito bonito.

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  10. Adriano,
    eu já tinha notado que você anda triste. Tomara que se recupere logo e volte à animação que conhecemos.
    Abraço grande

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  11. Apesar de tudo, estou vivo.
    Não sucumbi ao horizonte de derrotas.
    Não sofri além do necessário.
    Sobrevivi.

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  12. MEU POETA,


    TALVEZ SEJAM AS HORAS EM QUE NÃO ME POSSO DEDICAR À POESIA QUE ESTÃO CORROENDO O MEU SER E TODA A MINHA ESTRUTURA, COMO SE ESTIVESSE O MEU CORAÇÃO PARA PARAR DE VEZ, SUBITAMENTE!
    OU ALGUMA TRISTEZA PROFUNDA EM MINHA ALMA QUE DESCONHEÇO, MAS QUE MESMO ASSIM EXERCE SEUS EFEITOS SOBRE OS MEUS SONHOS E MINHAS ESPERANÇAS. QUE FAÇO ENTÃO? POR AMOR ÀS ARTES, À POESIA, SIMPLESMENTE ESCREVO, AINDA QUE MEUS ESCRITOS SE COREM DA ANGÚSTIA, DO DESASSOSSEGO E DAS CINZAS DOS MEUS DIAS. SER POETA É SER DISSECADO A TODO INSTANTE POR SEUS PRÓPRIOS POEMAS, É COMO SE A PELE, A GORDURA, OS MÚSCULOS, VASOS E NERVOS QUISESSEM SAIR POR AÍ DESPIDOS DA SUA EXISTÊNCIA ANATÔMICA. A POESIA ME LIBERTA ENQUANTO SOU VASSALO DA SUA CONTEMPLAÇÃO... E PÕE EM MIM AMARRAS QUANDO ME SINTO PLENAMENTE LIVRE DE TODAS AS SUAS ARMADILHAS E ENCANTOS. DEPOIS, NUNCA MAIS PROCURO SABER QUEM SOU - O SANGUE DA POESIA É ÁCIDO CIANÍDRICO!



    AMO-TE MUITO!
    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL

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  13. PARA VOCÊ, QUE TANTO ME TRAZ ALEGRIAS!


    "SONETO VIII"




    QUANDO TE VEJO, TUDO VIBRA,
    MINHA VIDA, TODO UNIVERSO.
    PARECE QUE NADA MAIS QUERO.
    É COMO SE PERDESSE A FIBRA.


    DEPOIS, O MEU MUNDO É DESFEITO,
    MAS PERMANECE TUA IMAGEM.
    EU NUNCA SEI POR QUE INTERAGEM
    OS SONHOS DENTRO DO MEU PEITO.


    MESMO CONFUSO, NÃO TE BUSCO
    NAS BATIDAS DO CORAÇÃO.
    QUANDO BANIDO DESSE BRUSCO


    DESEJO DA MINHA VISÃO,
    QUASE PÁRA. TUDO REBUSCO
    NA MINHA ALMA: QUE SOLIDÃO!


    ABRAÇO ETERNO,
    ADRIANO NUNES, MACEIÓ/AL.

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