É inconcebível a que ponto o homem é naturalmente preguiçoso. Dir-se-ia que ele só vive para dormir, vegetar, ficar imóvel; ele mal consegue se dispor a fazer os movimentos necessários para se impedir de morrer de fome. Nada mantém tanto os selvagens no amor do seu estado que essa deliciosa indolência. As paixões que tornam o homem inquieto, previdente, ativo, só nascem na sociedade. Nada fazer é a primeira e a mais forte paixão do homem, depois da de se conservar. Olhando-se bem, vê-se que, mesmo entre nós, é para chegar ao repouso que cada qual trabalha; é a própria preguiça que nos torna laboriosos.
De: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Essai sur l'origine des langues. Paris: Aubier-Montaigne, 1974, p.129.
A propósito, Antonio Cícero:
ResponderExcluirUma das mais comuns entre as paixões do ser humano, a preguiça é também uma das que mais constrangimento provoca; é raríssimo encontrar alguém que se reconheça preguiçoso.
A paixão pela preguiça causa tanto constrangimento que ninguém reluta em escondê-la até quando isto custa ser visto como desprovido de talento.
Faz parte do constrangimento do preguiçoso sistematicamente declarar-se ocupado.
P. S. A respeito da obra de Rousseau, você não acha que toda pessoa alfabetizada que procria deveria sentir-se obrigada a ler O Emílio?
são meus inimigos:
ResponderExcluiras dores nos pés
a pressão alta
o medo de morrer
a obscuridade
e a frieza frente à vida
no mais, a viagem
tem sido plena de alegria:
amor infinito
natureza exuberante
o anoitecer nesta cidade
e essa voz inigualável
chamada arte
observador,
ResponderExcluirsempre muito interessante reaparecer com a palavra do senhor Rousseau, principalmente em época de tanta incompetência educacional...
"É preciso estudar a sociedade pelos homens, e os homens pela sociedade: os que quiserem tratar separadamente da política e da moral nunca entenderão nada de nenhuma das duas"
Jean-Jacques Rousseau, Emílio ou da Educação.
grande abraço!
glt,
ResponderExcluirSim, acho que a leitura de Emílio, como a de outras obras de Rousseau, entre as quais esse "Ensaio sobre a origem das línguas", que cito, é sempre proveitosa, mesmo para quem não pretenda imediatamente procriar.
Abraço.