22.7.08

Luiz Olavo Fontes: "Meu amor de soslaio"

.
Meu amor de soslaio

Faz tanto calor no Rio de Janeiro
que é bom sentir essa neve
partir de seu olhar



De: FONTES, Luiz Olavo. "Meu amor de soslaio". In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976.

8 comentários:

  1. massa!

    e lindo para dias como os que têm feito na cidade.

    inventemos o amor, para a nossa distração. e que esta seja a maior de todas!

    beijo grande, querido!

    ResponderExcluir
  2. Como com tão poucas palavras se diz tanto. E a ironia... Gostei muito!
    :)

    ResponderExcluir
  3. O raio de luz passou
    Numa velocidade estonteante
    Rasgo
    Entre eu e você
    Um instante.

    ResponderExcluir
  4. observador,

    carioquíssimo o "Meu amor de soslaio"! gostei.

    obs: preciso destacar os comentários que são feitos aqui no blog, sempre interressantes, eles compõem muito bem na página.

    são mais uma agradável leitura que se faz.

    abraços!

    ResponderExcluir
  5. tudo

    entre nós dois

    é repentino

    menos seu olhar

    premeditado

    cheio de tramas

    amealhado

    sem sutilezas

    arremessado

    como um dardo

    contra o céu

    do meu amor

    ResponderExcluir
  6. O VELHO NO MAR

    O homem de pele morena tem areia nos joelhos pois caiu quando jogava bola,

    pegou o short vermelho e se atirou na água fria do mar de manhã e ralou a coxa no marisco,

    correu pela margem com raiva para passar a dor,

    caiu na areia com a bunda branca nas conchas,

    sujou o cabelo nas algas gritando uma indignação,

    andou sem sandálias até sua casa, suspirou cansado, beijou a mulher, chorou no banheiro e dormiu a tarde inteira.

    And the wind blows, and the wind blows, and the wind blows, and the wind blows, and the wind blows (EVERYBODY).

    ResponderExcluir
  7. Antonio Cícero

    De você, de algumas coisas que você faz, sei um pouco há algum tempo.
    Também sei desse algum tempo que você é irmão da Marina “Fullgás”.
    Comparado com o que fique sabendo com abrir seu blog ontem 28/07/2008, entretanto, agora sei que, rigorosamente falando, eu não sabia nada.
    E tão contente fiquei com tantas afinidades que recomendei a mim próprio a maior cautela do mundo nas ações de aproximação.
    A propósito do tema do lindo poema do Luiz Olavo Fontes, optei por começar por lhe mostrar uma coletânea do que escrevi ao longo de alguns anos sobre olha, e que publiquei recentemente num espaço que ocupo aqui na Internet.

    Geraldo Teixeira


    Cachoeira de ouro,

    a longa cabeleira escorre sobre o aconchegante agasalho.

    Proibido de tocar,

    mergulho sorrateiro,

    encharco meu olhar.

    * * *

    Rush de carro e gente;

    o olhar foge, sobe e pega

    no roxo do Jacarandá.

    * * *

    Passeando, olhando vitrines,

    como qualquer pessoa.

    Como Fernando Pessoa.

    “Lembro-me bem do seu olhar.

    Ele atravessa ainda a minha alma,

    Como um risco de fogo na noite.

    Lembro-me bem do seu olhar. O resto...”

    * * *

    A cor da flor do Manacá

    acorda meu olhar:

    outro Outono no Paraná.

    * * *

    Sobre pedras contendo o mar,
    me contando a vida,

    olhando Olinda,

    e a praia de Olinda,

    e as pedras da praia de Olinda.

    Olhar perdido pelas pedras pretas da praia de Olinda,

    por onde Margarida Maria de Paula Rocha passou.

    * * *

    Fascinados olham telhados,

    ruas, casas, cores...

    Ávidos olhares olhando Ouro Preto.

    * * *

    Fotógrafo, não; nem mesmo pintor.

    Escultor, sim: um Rude, um Rodin... Alguém assim.

    Olhar você muitas mil vezes, Vanessa,

    outras tantas tocar... Até lhe decorar

    e me tornar capaz de reproduzi-la

    de frente, de costas, do avesso,

    em mármore, em bronze, em gesso

    e guardar.

    * * *

    Olhar que pousa,

    olhar que pisa...

    Quanto pesa seu olhar?

    * * *

    O sinal vai abrir para os carros,

    constatamos e pensamos,

    ela de lá, eu de cá:

    - Vamos correr?

    - Vamos!

    - Será que dá?

    - Dá!

    No meio da pista nos encontramos,

    breve sorriso, tão breve olhar.

    E para sempre nos separamos,

    ela pra lá, eu pra cá.

    * * *

    Olhar as estrelas

    vai me fazer lembrar de você.

    Enquanto houver estrelas.

    * * *

    Exuberante Medusa

    (Araucaria angustifolia)

    Pinheiro-do-paraná.

    Faça-me pedra de olhar!

    * * *

    Olhar até ver sem pensar,

    sem ânsia de definir:

    tarde, tempestade, rosas.

    ResponderExcluir
  8. Obrigado, Geraldo. São belos poemas.
    Abraço

    ResponderExcluir