VALSA PARA GRAÇA
Abra-se tudo
em grande-angular:
alas a ela, abra-se tudo
em salas que se abram
em salas abertas, salões,
e o que se fechara
antes desabroche
numa sucessão de estrelas
em pleno dia claro.
Abra-se o teto
do planetário, abra-se
o coração do fogo
e nele toda dor
torne a nada e
nada lhe resista
e por onde passe alastre
sua leveza. Alas a ela,
e que ela me leve.
Porque nela tudo parece
mover-se sobre salto
alto, sobretudo a alma,
a alma que parece calçar
a mesma sandália
que as palavras e os gestos
dela, alas
a ela, que, assim
alta,
como que vai
descalça e dançasse
sobre-além dos alarmes
e do medo, largando
na sua valsa
um rasto só de beleza.
Alas a ela.
De: FERRAZ, Eucanaã. Cinemateca. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p.14.
que revoada, um poema que nos asa!
ResponderExcluirobrigada Cicero : )
abraço, F.
alas a ela! alas à graça!
ResponderExcluir(com um poema desses, é o que tenho a escrever.)
um dia como o de hoje, no rio, pôs-me esta sensação: a de tudo aberto, nitidez extrema, como numa grande-angular.
lindíssimo poema, como todos do eucanaã. sem falar no português, hiper garboso.
beijo nos dois poetas que fazem A diferença!
observador,
ResponderExcluiro poema gira!
a ligação entre o som das palavras esolhidas nos dá a chance de "ver" girar!
como na valsa!
é mesmo um poema com imagem e movimento:
é cinema!
fantástico!
obrigada!
abraços,
Antonio,
ResponderExcluirBelo poema do eucanaã! Não pude ir ao lançamento do livro (já havia comprado ingressos para o Caetano, que, aliás, está sensacional!), mas o livro já está na minha lista das próximas leituras.
um abraço,
lucas
Gostei!
ResponderExcluirGrato,
edg