18.3.08

Marcelo Diniz: "eu não sei o que eu faço com um verso"

É uma felicidade postar esse esplêndido soneto de Marcelo Diniz:


eu não sei o que eu faço com um verso
e, tão logo não saiba, de repente,
do nada, este terceiro e o subseqüente
enquadram-se em quarteto tergiverso;

eu não sei se concentro ou se disperso,
se a forma que se fixa é contingente
ou feita, conteúdo e continente,
exatamente enquanto eu desconverso;

só sei que de acidente em acidente
a forma converteu-se em controverso
modo de se dizer o que se sente:

que ecoem estes ecos do universo,
que o façam, verso a verso, reticente,
de etc em etc diverso

9 comentários:

  1. Realmente excelente! Tá aí, Marcelo Diniz é um poeta que preciso conhecer melhor!

    grande abraço
    Jardim

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  2. Que beleza encontrar esse soneto do Marcelo por aqui!

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  3. Meu deus (se éque deus existe...)
    algumassemanas sem vir por aqui, por conta das disfunções hormonais da vida, e tanta coisa boa estava perdendo. Vida longa, Cícero, a você e a este espaço!
    Ergo um brinde a você e à poesia, que em muitos momentos se entrelaçam.
    E a este soneto do Marcelo, claro.
    grande abraço!
    Nuno Rau

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  4. Obrigado, Nuno.
    Que bom saber da sua visita!
    Grande abraço,
    ACicero

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  5. Criativo e belo, Cicero. Também desejo vida longa a você e a este espaço. Um beijo (bem) grande.

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  6. Poesia - forja rica de metais lavrados.

    Miríade de versos. Simplicidade. Exatidão.

    Encantamento e magnitude. Criação.

    Sendo poeta, entre a beleza e a palavra, sou quem desnuda.

    Sinto. Expresso. Desejo. Almejo.

    Sou eu quem luta. Quem comemora.

    Quem pende a fronte após a queda.

    Sou quem mistura o ócio e a virtude,

    a guerra e a ilusão, a água e a areia.

    A poesia, não. A poesia é crueldade, egoísmo.

    É coisa fria, usurpadora, sem compaixão.

    É a mulher entregue ao frio,

    enquanto o fogo do poeta vira gelo em sua mão.

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  7. "Eu não sei o que faço com um verso..."Poeta querido,é mesmo linda essa toada fina de Marcelo Diniz e a tua sensibilidade...uau!!Ó...um meu proçê...
    DesconVerso II

    As vezes não vou direto
    Escrevo no olho tonto
    De soslaio cato o tranco
    Ponho ponto ou contraponto
    Tiro trema e circunflexo
    Desconverso o tema longo
    Dou linha se ele é complexo
    Comungo depois de pronto
    Nem sempre pontuo o tempo
    Sonego no breu do conto
    Com a rima travo encontro
    No suspiro ...réu confesso...
    Sendo fruto bom eu peço
    Pra versar no escaninho
    Piso lenta este caminho
    Que é pra não espantar o verso...
    Sigo luz de vaga-lumes
    Nas entrelinhas no teto
    Sublinho no ar do Universo
    Que é pra viver no perfume...


    Nina Araújo.

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  8. Nina,

    obrigado pela bela contribuição.

    Beijo,
    Antonio Cicero

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  9. Leo,

    quero agradecer a você também por sempre enriquecer este blog com as suas finas contribuições.

    Beijo,
    Antonio Cicero

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