Referindo-se á seguinte anedota sobre o classicista do século XVII, Richard Porson, o crítico americano Paul Elmer More declarou: “À embriaguez de Porson devemos, é preciso reconhecer, o mais profundo enunciado de pessimismo que jamais escapou de lábios humanos”.
Filosofia natural
Certa noite, encontrava-se em seu estado habitual. Querendo apagar sua vela e vendo, como se diz ocorrer aos inebriados, duas chamas lado a lado onde havia apenas uma, três vezes dirigiu seus passos cambaleantes à imagem errada e três vezes soprou sem efeito, pois o inexistente não pode ser extinto. Ante isso, afastou-se, equilibrou-se e pronunciou o veredicto: “Maldita seja a natureza das coisas!”
Cit. in: CAIRNS, H. (Org.). The limits of art. Poetry and prose chosen by ancient and modern critics. New York: Pantheon Books, 1948. P. 1005.
Natural philosophy
He was in his customary state one night. Wishing to blow out his candle, and seeing, as is said to be the way of the inebriated, two flames side by side where there was only one, he three times directed his swaying steps to the wrong image, and three times blew, with no effect, for the non-existent cannot be extinguished. Whereupon he drew back, balanced himself, and gave verdict: “Damn the nature of things!”
he drew back,
Antonio Cicero querido,
ResponderExcluirRegistro com atraso minha grande admiração por seu espaço: generoso, inteligente e aberto a questões que considero de primeira linha, algumas extremamente polêmicas. Esse texto me parece mais uma metáfora da ilusão humana do que do pessimismo: diante da impossibilidade de alcançar o que não existe, amaldiçoa-se a própria realidade... Longa vida ao blog!
Beijão,
Evando
Querido Evando,
ResponderExcluirAgradeço, também com atraso, o seu comentário: ele sim, generoso e inteligente. Seja benvindo e volte sempre!
Beijo,
Antonio Cicero