Um clássico de Armando Freitas Filho:
Caçar em vão
Às vezes escreve-se a cavalo.
Arremetendo, com toda a carga.
Saltando obstáculos ou não.
Atropelando tudo, passando
por cima sem puxar o freio –
a galope – no susto, disparado
sobre pedras, fora da margem
feito só de patas, sem cabeça
nem tempo de ler no pensamento
o que corre ou o que empaca:
sem ter a calma e o cálculo
de quem colhe e cata feijão.
Do livro Fio terra
In: Máquina de escrever: poesia reunida e revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003, p.583.
armando freitas filho é mão que pira, que arde - pois pirar é arder a mil, a cem por hora -, são dedos-tochas que nunca à burocracia, aos papéis timbrados e carimbados.
ResponderExcluirarmando freitas filho é cão danado, dado à longa vida, à poesia desembestada, à mão livre.
com armando, me armo de amores.
sim, armar de amores... porque sua delicadeza é forte, bruta - uma bruta flor -.
que bom encontrá-lo por aqui.
belo presente, cicero!
grande beijo, lindeza!
Caçar é quase sempre um movimento um pouco em vão. Mas funciona.
ResponderExcluirQue rítmo! Difícil em português, ainda mais não sendo algo importado do inglês, o que geralmente soa pedante.
ResponderExcluirCaça
ResponderExcluirIsso de oscilar
Não é tão importante
Quanto as noites
Que perdi no rastro de teu cheiro.
As flores se desmancham
No estio que não me alegra
E a lua se anuncia atrás do morro.
É um modo de acertar-me no mundo.
Antes que me esqueça,
Meus cães perderam o faro
E se perdem na rua estreita.
Eu estava lendo agora o Catar feijão,do João Cabral...
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