12.10.21

Jorge de Lima: "Solilóquio sem fim e rio revolto"

 



Solilóquio sem fim e rio revolto


Solilóquio sem fim e rio revolto

mas em voz alta, e sempre os lábios duros

ruminando as palavras, e escutando

o que é consciência, lógica ou absurdo.


A memória em vigília alcança o solto

perpassar de episódios, uns futuros

e outros passados, vagos, ondulando

num implacável estribilho surdo.


E tudo num refrão atormentado:

memória, raciocínio, descalabro...

Há também a janela da amplidão;


e depois da janela esse esperado

postigo, esse último portão que eu abro

para a fuga completa da razão.





LIMA, Jorge de. "Solilóquio sem fim e rio revolto". In: Antologia poética. Org. por Paulo Mendes Campos. Rio de Janeiro: Joséo Olympiio, 1978.

Um comentário:


  1. A onda invadiu meu corpo
    estava no mar e nem sabia
    Tive medo de me afogar
    Pedi a iemanjá
    E aos outros orixás
    Para me salvar
    Alto lá
    Nós estamos aqui, não percebes...
    Não é bóia, não é nóia,
    É somente esse acontecer
    esse viver e um talvez
    Ser escravo do amor e nada mais
    Livre para tocar a guitarra.

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