19.9.21

João Cabral de Melo Neto: "Autocrítica"

 



Autocrítica


Só duas coisas conseguiram

(des)feri-lo até a poesia:

o Pernambuco de onde veio

e o aonde foi, a Andaluzia.

Um, o vacinou do falar rico

e deu-lhe a outra, fêmea e viva,

desafio demente: em verso 

dar a ver Sertão e Sevilha.






MELO NETO, João Cabral de. "Autocrítica". In:_____. "A escola das facas".  In: Poesia completa. Org. por Antonio Carlos Secchin. Lisboa: Glaciar, 2014.

4 comentários:

  1. Sempre me confundem estes poemas regionalistas de João Cabral. Este, em específico, mais uma vez contrapondo a Andaluzia ao Pernambuco dos engenhos de cana de sua infância, fico em dúvida de qual lugar fala esse eu lírico. Reler, reler...

    ResponderExcluir
  2. Basta, caro Paulo, a meu ver(desver), a beleza e a fortaleza desse poema.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sem dúvida! Eu é que tenho mania de querer quebrar a casca para saber o que tem dentro rsrsrs.

      Excluir

  3. Se houver uma alma
    pulsante
    que pulse
    se houver uma alma
    querendo
    que queira
    vou plantar um pé de goiaba
    e de mangueira
    Não há muito o que fazer
    Diante a asneira.

    ResponderExcluir