18.3.21

Giuseppe Ungaretti: "I ricordi" / "As lembranças": trad. por Geraldo Holanda Cavalcanti

 



As lembranças


As lembranças, infinito inútil,

Mas sós e unidas contra o mar, intacto

Em meio a estertores infinitos…


O mar,

Voz de uma grandeza livre,

Mas inocência inimiga nas lembranças,

Rápido em apagar as doces pegadas

De um pensamento fiel…


O mar, suas blandícias acidiosas

Quão ferozes e quão, quão esperadas,

E no momento da agonia,Sempre presente, renovada sempre,

No pensamento atento, a agonia…


As lembranças,

Revolver em vão

A areia que se move

Sem pesar sobre a areia,

Breves ecos prolongados,

Mudos, ecos de adeuses

De instantes que pareceram felizes…







I ricordi


I ricordi, un inutile infinito

Ma soli e uniti contro il mare, intatto

In mezzo a rantoli infiniti..


Il mare,

Voce d’una grandezza libera,

Ma innocenza nemica dei ricordi,

Rapido a cancellare le orme dolci

D’un pensiero fedele…


Il mare, le sue blandizie accidiose

Quanto feroci e quanto, quanto attese,

E alla loro agonia,

Presente sempre, rinnovata sempre

Nel vigile pensiero l’agonia..


I ricordi,

Il riversarsi vano

Di sabbia che si muove

Senza pesare sulla sabbia,

Echi brevi protratti,

Senza voce echi degli addii

A minuti che parvero felici…







UNGARETTI, Giuseppe. "I ricordi" / "As lembranças". In:_____. Poemas. Seleção e Tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti. Prefácio de Alfredo Bosi. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2017.


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