19.7.20

Luís Miguel Nava: "No fogo da memória"




No fogo da memória


Começa-se o silêncio a desenhar
nos interstícios da carne, a que se prendem
imagens que no fogo
lento da memória se apuraram
de dia para dia e que o passado
nos serve agora como uma iguaria.





NAVA, Luís Miguel. "No fogo da memória". In:_____. "O céu sob as entranhas". In:_____. Poesia completa -- 1979-1994. Organização e posfácio por Gastão Cruz. Lisboa: Com Quixote, 2002.


2 comentários:

  1. Uma dona

    Bem agora o olhar me diz
    Que elegante é o teu nariz!
    Condiz com a pose do andar
    Que nem é pose, é um estar

    Um modo esguio de ser morena
    Que eu via quando era pequena
    Noutra mulher morena e magra
    Que o olho da memória flagra

    (Em outra mulher magra e morena
    Que eu vi ah! quando era pequena)

    O leve trinado em tua voz
    Seu timbre alegre que ecoa
    Vibra em torno e nem destoa

    Cai macio como teu riso
    No talhe assim de seda fina
    Que eu amei desde menina

    Meigle Rafael
    Fev 19

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  2. Não há como explicar
    em versos de Gibraltar
    Não há como evitar
    imergir em teu olhar
    Não há como evitar sentir
    com as cores do entardecer
    o ser
    pétala sobre pétalas
    no mar a procurar
    uma sereia que parece
    reinventou-se
    alheia.

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