I
Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.
Guarda –
Para outro momento
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde
E a convivência contigo
Modificou-me – sou outro. . .
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dos teus cabelos. – És lindo!
A morte
Devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: – não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos, apenas!,
- Que mais precisamos nós?
BOTTO, António. "Não. Beijemo-nos apenas". In:_____. "Adolescente". In:_____. Canções e outros poemas. Org. de Eduardo Pitta. Vila Nova do Famalicão: Quasi, 2007.
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