Elegiazinha
[i. m. nikita (gata da Inês)]
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.
Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.
Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.
Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.
Gatos não morrem: mais preciso
- se somem - é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso
e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.
ASCHER, Nelson. "Elegiazinha". In:_____. Parte alguma. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Lindíssimo poema!
ResponderExcluirVisitar este blog se tornou um hábito para mim desde o início do ano passado. Às vezes resolvo vir até aqui em momentos complicados do dia, e sempre saio carregando alguma preciosidade e respirando melhor.
Obrigado, Cícero, por continuar compartilhando poesia nestes tempos tão difíceis.
Obrigado, Rodrigo! É por pessoas como você que continuo.
ResponderExcluirGrande abraço
Desde 2015, quando descobri o blog e sua poesia, que acompanho e recomendo a página a alguns amigos que gostam de poesia. Também descobri novos poetas por aqui e entrar no blog tem sido uma atividade tão cotidiana como acessar páginas de jornais, meu email pessoal e a rede do facebook. Muito obrigado por trazer um respiro de poesia e inteligência. André
ResponderExcluirObrigado, André! Seu comentário alegrou meu dia.
ResponderExcluirGrande abraço