20.7.15

Carlos Drummond de Andrade: "Ontem"





Ontem

Até hoje perplexo
ante o que murchou
e não eram pétalas.

De como este banco
não reteve forma,
cor ou lembrança.

Nem esta árvore
balança o galho
que balançava.

Tudo foi breve
e definitivo.
Eis está gravado

não no ar, em mim,
que por minha vez,
escrevo, dissipo.



ANDRADE, Carlos Drummond de. "Ontem". In:_____. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

5 comentários:

  1. O ontem é esse agora que a mim vem... Drummond, definitivo.

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  2. Salve Cícero! Pra manter a língua afiada e o coração ardente, um poema pra você:

    Minha cidade se revela na aurora sobre o mar esverdeado.
    Na praia de Ipanema, um grande amor está previsto.
    Cada boteco, cada buraco, cada esquina me revela.
    Cada atenção de olhos ávidos é parte do que sou.
    Meu nome está inscrito em toda rua, em toda placa, em toda parte.
    Pedras portuguesas, aliterações e metonímias são meu nome.
    A língua que se fala aqui no Rio em tudo é diferente da de Portugal.
    O português do gênio carioca, do subúrbio, das favelas.
    Pensando bem, esta cidade é muito mais que uma cidade:
    é uma cilada de paixões e pensamentos percorrendo à beira-mar.
    É a espuma do desejo, o escolho, a flor marinha e o sal do mar.

    abç

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  3. Cicero,


    obrigado por postar este belíssimo poema de Drummond!


    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  4. Obrigado por este acontecimento, este sentimento de agora. Gosto muito deste espaço virtual. Obrigado.

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