28.1.14

Adriano Nunes: "Solidão"




Agradeço a meu amigo Adriano Nunes por me ter dedicado o seguinte, belo poema:



Solidão


                                   para Antonio Cicero

Na solidão da minha casa,
Cada coisa está acompanhada.
Garfo e faca,
Sala e sofá,
Terno e traça, 
Rádio e rack,
Medo e máscaras. 

Para lá, 
Para cá,
Só eu ando 
Procurando
Os fragmentos da minha alma
Perante as pétalas das dálias
Do grande jardim que não há,

Para ir ter comigo, para
Ter-me como o meu próprio par.
Na solidão da minha fala,
Vê, é quase
Tudo ou nada!
A palavra 
Velada, a palavra que vale,

A palavra
Relida, a palavra lacrada,
Palavra que parece dar
Outra palavra, um canto, mas,
Súbita, sagaz, à socapa,
Essa palavra que se traça
Logo escapa.




NUNES, Adriano. "Solidão". http://astripasdoverso.blogspot.com.br/2012/09/adriano-nunes-pela-palavra-para-antonio.html

2 comentários:

  1. Cicero,

    que delícia! Viva! Viva!




    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  2. Caro Cicero,

    te mandei um e-mail, segue abaixo meu último poema.

    Grande abraço!


    O CÉU PAIRA

    O céu paira —
    imenso guarda-sol
    aberto
    na praia

    o mar
    na beira da margem
    nos cerca e separa

    enquanto a areia oferece
    em cada criatura
    estendida na bancada
    uma forma rara,
    coberta dos pés à cabeça
    de sal
    olhares
    e sol.

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