31.12.13

Eugénio de Andrade: "O sorriso"




O sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.



ANDRADE, Eugénio de. O outro nome da Terra. Porto: Limiar, 1989.




Devo a Arthur Nogueira o link para o maravilhoso vídeo em que o próprio Eugénio de Andrade, sorrindo, diz o seu poema. Ei-lo:





2 comentários:

  1. Cicero,


    emocionante e belíssimo! Grato por compartilhá-lo! Feliz Ano Novo, Paz e luz! Deixo, para você, um belo poema de Miguel Torga:


    Miguel Torga: "Sísifo"

    Recomeça….
    Se puderes
    Sem angústia
    E sem pressa.
    E os passos que deres,
    Nesse caminho duro
    Do futuro
    Dá-os em liberdade.
    Enquanto não alcances
    Não descanses.
    De nenhum fruto queiras só metade.

    E, nunca saciado,
    Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
    Sempre a sonhar e vendo
    O logro da aventura.
    És homem, não te esqueças!
    Só é tua a loucura
    Onde, com lucidez, te reconheças…

    TORGA, Miguel. Diário XIII. Diário Volume XIII a XVI. Alfragide: Dom Quixote, 2011.


    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  2. Lindo.
    Simples.
    Direto.
    Sem voz literária.
    Como a poesia em carne viva é de apaixonar.

    Obrigado, Cicero!

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