27.10.10

Marcel Proust: de "A l'ombre des jeunes filles en fleurs"




J’avais autrefois entrevu aux Champs-Élysées et je m’étais rendu mieux compte depuis qu’en étant amoureux d’une femme nous projetons simplement en elle un état de notre âme ; que par conséquent l’important n’est pas la valeur de la femme mais la profondeur de l’état ; et que les émotions qu’une jeune fille médiocre nous donne peuvent nous permettre de faire monter à notre conscience des parties plus intimes de nous-même, plus personnelles, plus lointaines, plus essentielles, que ne ferait le plaisir que nous donne la conversation d’un homme supérieur ou même la contemplation admirative de ses œuvres.


Eu havia outrora entrevisto nos Champs Élysées, e depois compreendi melhor, que, quando estamos enamorados de uma mulher, projetamos simplesmente nela um estado de nossa alma; que por conseguinte o importante não é o valor da mulher, mas a profundidade do estado; e que as emoções que uma moça medíocre nos dá podem permitir-nos fazer elevarem-se à consciência algumas partes mais íntimas de nós mesmos, mais pessoais, mais longínquas, mais essenciais do que o prazer de conversar com um homem superior ou mesmo o de contemplar com admiração suas obras seria capaz de produzir.



PROUST, Marcel. "A l'ombre des jeunes filles en fleurs". A la recherche du temps perdu. Paris: Gallimard, 1919.

7 comentários:

  1. Acho que a consciência do estado dessa projação, a ponto de medir sua profundidade, se dá a posteriori, quando o sortilégio da paixão já perdeu força e o eu consegue reemergir de todo aquele encantamento...

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  2. Antonio,


    um poema que fiz para Drummomnd. Espero que esteja à altura!


    "Referencial" - Para Carlos Drummond de Andrade.



    A chuva
    Faz ruído esquisito
    Sobre o teto,
    Um barulho longíquo,
    Estranho...
    Não sei.

    Acho,
    Talvez, o som
    Parecido (Agora me lembro

    De quando eu era menino,
    Tão pequenino,
    Do tamanho de um pingo
    D'água!) com o coaxar

    Dos sapos
    Daquele antigo riacho.
    O nome
    Foge às sinapses.
    A vida
    Escapa feito enchente.
    (A gente, o que é que sente?)

    Festejo no brejo, sim.
    Sons de uns versos. Sons
    De horizontais belezas
    De Itabira.
    Sons. Sons. Sons...
    Tudo me disseca,
    Tudo me devora,
    Tudo me revira.
    O bigode,
    Os óculos,
    As vértebras
    De Alguma Poesia.

    Coaxa o nexo
    Do tempo
    No fluxo
    Fortuito
    Do firmamento.




    Beijos,
    Cecile

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  3. É, o eu está sempre em busca de si mesmo... genial, quando os Outros nos refletem d'Isso.

    Um beijo

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  4. humm... esse sempre obscuro objeto do desejo...

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  5. Homem de Neantherdal

    As flores, meus amores
    Tão belas com suas batalhas
    Em um dia que é tão longo
    Sente a verdadeira mistura
    De sonho e fantasia
    E nenhuma covardia
    Da poesia que não pede licença
    Salve sua presença
    Meu bem, meu mal, real
    Homem de Neantherdal.

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  6. http://ricardianas.blog.terra.com.br/2010/10/29/vem-feliz/ te citei no meu blog , com uma levada nostálgica , mas positiva. Grande abraço !

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