7.10.10

Armindo Rodrigues: XC de "Beleza prometida"




XC

Pouco é um homem e, no entanto, nele
cabe tudo o que existe e fica ainda
espaço bastante para negá-lo.



RODRIGUES, Armindo. "Beleza prometida". Obra poética. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural, 1972.

5 comentários:

  1. temas modernos

    aborto e casamento gay darão início aos debates. parece que dilma vai tentar se explicar sobre o tema polêmico "aborto". e hj, manchete do jornal do dia: "indio diz que serra será contra união entre gays".

    religião e política não deveriam se misturar. não sei o que dilma vai dizer sobre o aborto, mas já fico p. de saber que provavelmente ele vai dizer algo que não pensa. mas não fico p. com ela, mas como se dá a forma de se fazer política. aborto é diferente união entre gays.

    por que?

    porque no aborto está envolvido um terceiro (o feto), ou melhor, discute-se até que ponto ele é um terceiro, ou seja, qdo que se dá o início da vida. pra mim, é uma questão que ultrapassa a religião, pois até o critério "cientifico" seria o do início da formação do sistema nervoso, que se dá aos 3 meses. mas esse critério não é "científico": cientifica é a afirmação de que o sistema nervoso se forma no 3º mês. a questão, que é contingente, é se podemos entender que só ali é que se tem início a vida. e essa resposta não existe cientificamente, por que não se trata de um conhecimento a priori. veja que não falo nos critérios religiosos, nem o que as religiões acham, porque num estado de direito, religião é um problema de religiosos.

    já casamento gay é puro e exclusivamente problema dos gays. o estado não tem nada com isso, no sentido de ditar um comportamento. na verdade, o estado não tem nada a ver com casamento, que é algo religioso. o estado deve se preocupar apenas em realizar contatos de união civil, seja entre homens e mulheres, seja entre mulheres e mulheres, seja entre homens e homens.

    no debate que assistimos pelo poder, entretanto, os cadidatos vão dizer o que o eleitorado (religioso) quer ouvir. e isso é que irrita.

    portanto, entendo a dilma tentar se retratar sobre o aborto, posto que a discussão do que é vida é inconclusa, mas abomino o ataque de serra e sua equipe contra os gays, por se tratar do mais puro preconceito.

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  2. Amado Cicero,


    Intenso! Grato por compartilhar!


    Um poema novo que fiz pensando nos variados tipos de trânsitos "interno".

    "trânsito" - Para Arnaldo Antunes.

    entre a
    boca e o
    ânus
    estranho
    trânsito.

    entre o
    átrio e a
    femural
    fluxo
    total.

    entre o
    cérebro e o
    plexo braquial
    bloqueio
    anestésico.

    entre o
    rim e a
    bexiga
    rápida
    descida.

    entre a
    narina e o
    alvéolo
    livre
    acesso.

    entre o
    sinal verde e o
    amarelo
    avança o
    verso.


    Abraço fraterno,
    Adriano Nunes.

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  3. se a dilma não fosse um fantoche diria a verdade: que o eleitorado religioso ou crente, e pobre é quem mais recorre ao aborto - e nas piores condições possíveis - por necessidade.

    confunde-se frequentemente a legalização do aborto com um statement ético universal, uma afirmação sobre a legitimidade do aborto que deve ser tida como verdade por todos (como o direito à justiça - esse, sim, universal - por exemplo).

    a legalização do aborto não é isso. a legalização do aborto é uma afirmação sobre a liberdade de cada um (esse é o direito universal). a legalização reconhece o direito das pessoas a tomar uma decisão - muitos crentes tomam essa decisão sabendo que ela é errada do ponto de vista da sua religião. a questão da legalização do aborto é deixar que cada um decida, permitindo a quem opta por um aborto recorrer às condições de higiene e de apoio psicológico necessários numa situação que é sempre muito difícil.

    concordo que científica é a afirmação de que o sistema nervoso se desenvolve no terceiro mês e que colocar aí o limite para interrupção da gravidez é um arbítrio. de facto, trabalhamos com o melhor que temos e não é só no caso do aborto: se a dilma não fosse um fantoche explicaria ao seu eleitorado que aplicar ou não quimioterapia a um paciente com cancro também é uma decisão arbitrária. aplicar ou não quimioterapia baseia-se na avaliação de uma situação clínica (essa científica) e numa análise de custo/benefício (que é uma "educated guess", na melhor das hipóteses). médico nenhum pode afirmar " o senhor está condenado" ou "o senhor vai morrer dentro de um mês com ou sem quimioterapia", como médico nenhum pode afirmar "a vida começa ao terceiro mês".

    em relação a casamento gay a questão é, parece-me, fundamentalmente a mesma - para muita gente, trata-se, de facto, de uma questão religiosa. (confesso, já agora, que os que verdadeiramente me irritam são os que acham que se trata de uma "questão natural"). mas o que a lei faz é afirmar o direito de cada um à liberdade e à justiça (porque o contracto de casamento acarreta direitos fiscais, de herança, de paternidade etc).

    bj,
    F.

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  4. prezado f.,

    de fato, "a legalização do aborto é uma afirmação sobre a liberdade de cada um (esse é o direito universal)".

    o que é confuso, e tenso, a meu ver, é a partir de quando existe esse "um".

    abrç.

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