20.6.09

Carlos Drummond de Andrade: "As rosas do tempo"

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As rosas do tempo


Admirável espírito dos moços,
a vida te pertence. Os alvoroços,

as iras e entusiasmos que cultivas
são as rosas do tempo, inquietas, vivas.

Erra e procura e sofre e indaga e ama,
que nas cinzas do amor perdura a flama.



De: ANDRADE, Carlos Drummond de. "Viola de bolso". In: TELES, G.M. (org.) Poesia completa.. Intr. de Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

8 comentários:

  1. Antonio,

    Perfeito! Salve Drummond! lembrou-me um poema de Augusto dos Anjos - "A Esperança", também encantador!

    Posto aqui meu novo pranto:

    ***PRANTO*** (PARA ADRIANO NUNES)


    Nata
    Da
    Vida?


    Ou
    Mágoa
    Lida?

    À
    Mígua,
    Mundos,


    Medos,
    Morte,
    Tédio.


    Nada
    De
    Dádiva.


    Crer
    Em
    Quê?


    Cria
    De
    Quê?


    Verso
    Sem
    Volta


    Corpo
    Sem
    Trinco


    Prosa
    Sem
    Piso


    Sol
    Sem
    Tez

    Vez
    Em
    Quando


    Eu
    Sumo
    Surto


    Eu
    Curto
    Tudo


    Dentro
    Do
    Sonho.


    Pronto:
    Sou



    Carne
    Osso
    Alma


    Arte
    Sangue
    Dor.


    Beijos,
    Cecile.

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  2. No barco da minha travessia
    Noite e dia
    A lua sempre aparecia
    Rebeldes, marinheiros,
    Desditados, destinados,
    Vão na vaga
    Direto prá sua ilha.

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  3. Oi
    Parabéns pelo conteúdo do blog, tudo muito legal.
    Cleisson

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  4. Caro, Cícero, lembrei de e.e.cummings (ODE, Poemas), pelo olho-lince de Augusto:
    "o
    the sweet & aged people
    who rule this world (and me and
    you if we're not very
    careful), o..."
    tradução:

    os doces velhinhos
    que governam o mundo (e eu e
    você se a gente não abrir o olho)Ó".

    Avante, guerreiro, seus toques são primordiais!
    Edson (da Bahia)

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  5. Ira e entusiasmo de adolescente.
    Tenho um de 17 e não estou conseguindo acompanhar...
    Pedi pra estudar filosofia, será que vai gostar?
    Pelo menos gosta de escrever, começou a fazer poemas com 10 e não gosta de estudar, adora marketing, ética e psicologia.
    Será que devo publicar?
    Por favor, me ajude, sei que tenho uma jóia em casa, mas não posso contar com ninguém e sei também que ele só tem a mim para orientá-lo nessa fase difícil de decisão.
    Obrigada.

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  6. drummond é sempre rico, lindo, benvindo.

    poema-pérola.

    aliás, se dependermos apenas da poesia deste vate, serão infinidades de colares produzidos, tantos os poemas-pérolas confeccionados por sua concha inteligente, sagaz e criativa.

    beijo!

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  7. Prezado Cícero,

    Sua pontaria é certeira, como sempre.
    Outro dia, folheando a Poesia Completa, achei essa pérola no Boitempo.

    “CANTO DE SOMBRA

    O canto de sombra e umidade no quintal.
    Do muro de pedra escorre o fio d’água,
    manso, no verde limoso, eternamente.
    Uma gota e outra gota, no silêncio
    onde só as formigas trabalham
    e dorme um gato e dorme o futuro das coisas
    que doerão em mim, desprevenido.
    Crescem, rasteiras, as plantas sem pretensão
    de utilidade ou beleza.
    Tudo simples. Anônimo.
    O sol é um ouro breve. A paz existe
    na lata abandonada de conserva
    e no mundo.”

    Abraço,
    JR.

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  8. Adriana,

    Não sei dar conselhos, nem acredito em receita geral. O que é bom para uma pessoa pode não ser bom para outra. Use a sua própria sensibilidade, intuição, experiência e inteligência.

    Abraço

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